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Veja perguntas e respostas sobre as manchas de petróleo nas praias do Nordeste

Primeiros registros de óleo foram vistos na Paraíba em 30 de agosto e, desde então, material se espalhou para mais oito Estados

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Um vazamento de petróleo cru se espalha pelos nove Estados do Nordeste brasileiro O poluente foi identificado em uma faixa de mais de 2 mil quilômetros da costa. Segundo a última atualização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o óleo já atingiu 200 pontos do litoral nordestino em 78 municípios. 

Ainda não se sabe exatamente qual a origem do petróleo, mas as análises já apontaram que o produto, de origem desconhecida, é de tipo não produzido no Brasil. 

Justiça suspende instalação de boias para conter borra de petróleo em Sergipe Foto: Adema

1-) Quando e onde as manchas foram vistas pela primeira vez?

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Os primeiros registros de manchas de óleo encontradas no litoral brasileiro foram em 30 de agosto, nas cidades de Conde e Pitimbu na Paraíba. 

2-) Em quais e quantos locais o poluente já foi encontrado?

As manchas já foram encontradas em todos os Estados nordestinos: MaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasSergipe Bahia. O poluente foi identificado em uma faixa de mais de 2 mil quilômetros da costa brasileira, em 200 pontos de 78 municípios. 

3-) Que tipo de petróleo é esse que se espalha pelas praias? 

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A análise feita pela Marinha e pela Petrobrás "apontou que a substância é petróleo cru, ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo".Conforme o órgão, a substância se trata de hidrocarboneto, conhecido como piche, e é a mesma em todos os pontos analisados. Ainda segundo a análise, o petróleo encontrado é mais denso do que o produzido no País.

Segundo o almirante Leonardo Puntel, comandante de Operações Navais e que coordena as operaçãoes relacionadas ao desastre ambiental no Nordeste, as amostras encontradas se assemelham a um pedaço de asfalto. Em águas profundas, ele fica submerso, mas aparece na superfície em locais mais rasos. "A rebentação das ondas faz com que ele se desfaça em pedaços menores que estão sendo encontrados nas praias", disse o almirante. 

Mancha de óleo no litoral do Sergipe Foto: Adema/Agência Sergipe de Notícias

4-) De onde veio esse petróleo? 

A origem ainda é desconhecida e de tipo não produzido no Brasil. Investigações sigilosas realizadas pela Marinha e pela Petrobrás encontraram petróleo com a mesma "assinatura"do óleo da Venezuela em manchas que se espalham pelo mar na Região Nordeste, o que, na prática, não quer dizer que a Venezuela tenha ligação direta com o vazamento. O governo Nicolás Maduro, porém, nega que o óleo seja de seu país. 

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O presidente Jair Bolsonaro disse não descartar que tenha sido uma ação criminosa, mas ponderou que a apuração sobre o caso ainda está em curso. 

As investigações sobre a origem do petróleo se concentram, na fase atual, em 23 embarcações suspeitas. No último dia 17, foram encontrados tambores da companhia Shell na costa brasileira, que foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. Na avaliação do governo, a hipótese mais forte sobre a origem do crime ambiental, neste momento, é de “navio fantasma”, embarcação clandestina que faz o contrabando de petróleo

5-) O que o governo está fazendo para conter o avanço do petróleo e limpar as áreas afetadas?

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Após 49 dias do registro da primeira mancha, o governo federal anunciou nesta segunda-feira, 21, que o Exército colocará à disposição das operações de limpeza das praias do Nordeste tropas da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Recife. Os militares também devem oferecer equipamentos para apoio a órgãos de defesa civil dos Estados. A informação foi dada pelo general Hamilton Mourão que disse colocar à disposição entre 4 e 5 mil homens do Exército. 

A Marinha e o Ibama também informaram que estão trabalhando no monitoramento e investigação das manchas. No domingo, 20, Olivaldi Azevedo, diretor de proteção ambiental do órgão federal, disse que o acompanhamento já permite que o governo consiga prever para onde as manchas se locomovem e se vão atingir novos pontos. Segundo ele, o governo não está comunicando essa previsão para evitar pânico nos moradores dessas regiões. O órgão afirma que o óleo viaja por debaixo da superfície, o que dificulta, por exemplo, a visualização da mancha por satélites, sobrevoos e monitoramento com sensores. 

O Ibama requisitou apoio a Petrobras para a limpeza das praias. A estatal é a responsável por contratar pessoas entre agentes comunitários e cidadãos locais para receberem treinamento e auxiliarem na limpeza dos locais atingidos. Não há, ainda, informações sobre o número de pessoas envolvidas nas ações. No entanto, nos últimos dias, são inúmeros os registros de moradores limpando as praias por conta própria, sem equipamentos de segurança e para o descarte

mancha de óleo acentuou atritos entre o governo Jair Bolsonaro e os governadores do Nordeste, região em o presidente teve sua pior votação. No sábado, 19, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), ficaram trocando acusações pelo Twitter sobre a falta de ajuda do adversário para a limpeza das praias.

Na sexta-feira, 18, oito dos governadores divulgaram uma carta conjunta em apoio ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), com quem Bolsonaro também havia tido atritos pelas redes sociais. "O país precisa de reunião de esforços para superar enormes desafios. É fundamental que este compromisso, que todos esperamos ver cumprido pelos gestores públicos, não seja debochadamente ignorado por alguém que deveria ser uma de suas maiores referências", diz trecho do documento. 

Manchas de óleo na praia da Pituba, em Salvador Foto: Antonello Veneri/AFP

6-) Quais são os riscos para a saúde do contato com o óleo?

Não há proibição de uso das praias. A recomendação das autoridades e de especialistas em saúde é de evitar o contato com o material. O contato com o óleo pode causar irritações e alergias na pele. Especialistas dizem que, em caso de contato, o mais indicado para a remoção do óleo é lavar o local com água e sabão. 

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7-) Há riscos para os animais?

O espalhamento do óleo ameaça tartarugasaves e o peixe-boi marinho, o mamífero dos oceanos mais ameaçado de extinção do Brasil. O Ibama informou que ainda não é possível informar com precisão quais os riscos à saúde dos animais, mas informou ter registrado, desde 2 de setembro, 77 animais oleados, ou seja cobertos de óleo, sendo que 14 eram tartarugas que morreram

Animal contaminado por óleo em estabilização Foto: Projeto Cetáceos/Flávio Lima

8-) As barreiras de contenção estão funcionando para evitar o espalhamento do óleo?

Diversas ações judiciais dos últimos dias vem exigindo ações do governo federal e um plano de contenção do poluente

São dois tipos de barreiras utilizadas para conter as manchas, uma delas são as boias que impedem a passagem do óleo superficial que tem densidade menor que a da água, a outra é para a contenção das camadas sub-superficiais do óleo. Uma decisão judicial determinou que o governo federal colocasse barreiras para proteger os rios de Sergipe como a foz do Rio São Francisco.

Apesar de ter atendido à decisão judicial, o Ibama defende que as barreiras são "ineficientes". O posicionamento do Ibama causou divergência com os governos locais. O secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti, discordou da avaliação do órgão federal e pediu mais uma vez à União para a instalação de boias de contenção. "Se as barreiras não são 100% eficientes, elas podem ao menos minorar o problema. Vamos continuar perseguindo a colocação das boias, porque, se elas não conseguem conter todo o óleo, ao menos reduzem a quantidade de resíduo que chega às praias. Queremos que sejam colocadas em todas as portas de estuário". 

Nesta segunda-feira, 21, a Justiça em Pernambuco e em Alagoas determinou liminarmente à União e ao Ibama que adotem ‘providências imediatas’ para contenção e recolhimento do óleo que atinge as praias da região. A decisão deu prazo de 24 horas para o início da implantação de barreiras de proteção aos ecossistemas mais sensíveis. 

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