Para chegar à neutralidade em gases do efeito estufa (GEE) até 2050, o Brasil precisará aumentar muito a participação das fontes renováveis de energia – dos atuais 47% para 73%, de acordo com estudo do CDP, organização sem fins lucrativos que administra o maior sistema de divulgação ambiental do mundo. A perspectiva real é decepcionante, contudo.
Pela projeção do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, a participação das energias renováveis será praticamente a mesma daqui a dez anos – terá aumentado apenas de 47,1% para 47,8% da matriz energética brasileira. Isso porque o consumo deve crescer 27% no mesmo período.
“O Brasil tem um potencial imenso de soluções que poderiam ser exploradas com políticas públicas e um planejamento macro que realmente priorize a energia limpa”, diz Alessandra Mathyas, analista de conservação na área de energia do WWF-Brasil e coordenadora da Rede Energia & Comunidades, que reúne 13 organizações voltadas à causa do pleno direito à energia limpa e sustentável, com foco na região amazônica. Entre os caminhos já em estudo, estão o uso de caroços de açaí em termoelétricas, a produção de combustível de aviação a partir da macaúba e o aproveitamento da casca de arroz como biomassa.
Independentemente das estratégias governamentais e corporativas, todos os cidadãos brasileiros têm um papel a desempenhar na questão energética. “É preciso cuidar do nosso consumo de cada dia. Não é necessário se privar dos confortos da vida. Basta não esbanjar, não desperdiçar, que muito já estará sendo feito”, lembra Alessandra, do WWF.