UE ameaça boicotar acordo de clima dos EUA se Bali fracassar

Europeus insistem em mencionar metas de corte de CO2 no documento fioanl da reunião da ONU na Indonésia

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Por GERARD WYNN E DAVID FOGARTY
Atualização:

A União Européia ameaçou nesta quinta-feira, 13, boicotar as negociações climáticas promovidas pelos Estados Unidos, por entender que Washington bloqueia a definição de metas contra o aquecimento global na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bali. "Se tivermos um fracasso em Bali, não fará sentido ter uma reunião das grandes economias [nos EUA]", disse Humberto Rosa, secretário português do Meio Ambiente, no penúltimo dia do evento de duas semanas. "Não estamos a chantagear", disse ele. "Se não há Bali, não há MEM [reunião dos principais emissores, na sigla em inglês]." Portugal preside a UE neste semestre, e Rosa é o principal negociador europeu em Bali. "Não sentimos que comentários como esse sejam muito construtivos, quando estamos nos empenhando para encontrar um terreno comum para avançar", disse Kristin Hellmer, porta-voz da Casa Branca em Bali. O encontro da ONU, de 3 a 14 de dezembro, expõe as divisões que devem marcar os próximos dois anos de negociações em torno de um tratado que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Os EUA, que são contra as metas compulsórias de redução dos gases do efeito estufa, conforme prevê o Protocolo de Kyoto, convocaram uma reunião com os 17 maiores poluidores mundiais para o mês que vem no Havaí. China, Rússia e Índia, que pelo Protocolo de Kyoto não são obrigados a fazerem cortes, também foram chamados. A UE espera que o texto final de Bali aponte para metas, ainda que não obrigatórias, na redução das emissões de carbono nos países industrializados, o que serviria de "mapa" para as negociações futuras. A proposta européia é de que até 2020 as emissões de carbono sejam até 40% inferiores às de 1990. Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália são contra, dizendo que a apresentação de cifras iria influenciar o resultado final. O corte de 25%-40% nas emissões dos países ricos já era citado pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas, que pediu ações urgentes para evitar resultados catastróficos do aquecimento global, como secas, inundações, ondas de fome e elevação dos mares. (Reportagem adicional de Alister Doyle, Adhityani Arga e Emma Graham-Harrison em Bali)

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