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!sso Não é Normal traz análise e debate das mudanças climáticas no Brasil

Proposta da Embaixada Britânica teve como partida a cidade de SP e abrangerá SC e Nordeste

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O futuro de nosso planeta está à mercê das mudanças climáticas. No caso da cidade de São Paulo, quais efeitos já podem ser sentidos? O que ainda pode ser feito e o quanto da vida de seus moradores já está comprometida? "Um paulistano perde em média um ano e meio de vida por causa do ar que a gente respira", diz Denis Russo Burgierman, editor do !sso Não é Normal - projeto desenvolvido pela Webcitizen e Cia. da Foto e abrigado no estadão.com.br. Não é à toa o nome do site, afirma o editor. "Não tem nada de normal em tudo o que está acontecendo." O site dá forma a uma série multimídia que busca a resposta dessas perguntas. Não será atualizado indefinidamente, mas contará três histórias com início, meio e fim. Partindo de uma cidade, um Estado e uma região do Brasil, !sso Não é Normal reúne reportagens, vídeos, entrevistas e mapas interativos. Proposta da Embaixada Britânica, o projeto teve como ponto de partida a cidade de São Paulo. A segunda etapa, que estreia neste mês, abrange Santa Catarina. Por fim, termina no Nordeste, em agosto. Os três capítulos permanecerão abrigados no estadão.com.br. O portal, diz Burgierman, foi a primeira opção para hospedar a série. "O Grupo Estado tem uma ligação histórica com o pioneirismo em temas ambientais e visão interessante de internet. E o Estadão está apostando em formatos inovadores na internet." O trabalho de mapear como as mudanças climáticas afetam diretamente lugares específicos do Brasil não teria sido possível sem o apoio do governo britânico. "Eles financiam pesquisas científicas e a difusão de informação sobre mudanças climáticas no mundo inteiro", explica Burgierman. Segundo ele, que também é diretor de informação da Webcitizen, a série foge do "debate técnico". A ideia é dar um passo além - em vez de explicar o conceito dos gases estufas, abrir o debate sobre o que isso tem a ver com o cotidiano das pessoas. "Faz 20 anos que estamos falando disso. Agora queremos mostrar como a vida aqui no Brasil é afetada." Por quê? Repensar a lógica das grandes cidades é preciso. "Em São Paulo, chegamos a uma conclusão alarmante: todos os dias, a gente move um Uruguai inteiro da periferia da zona leste para o centro, e depois carrega todo esse Uruguai de volta. Toda a economia está concentrada no centro, todas as moradias populares ficam a até 50 quilômetros de lá", afirma Burgierman. "Por mais que já estejamos acostumados com isso, por que é assim? Daria para ser de outro jeito?", indaga. Para Denis, apesar da distância, os três locais que o projeto aborda são afetados pelos mesmos problemas. "A ocupação irregular nas cidades é uma constante. Um exemplo: a Câmara dos Vereadores de São Paulo está construída em cima do Rio Bexiga, o que é proibido por lei", diz. "Isso demonstra que nem os governos respeitam a distância que deveria existir entre rios e construções. É algo se repete no Brasil inteiro." Em Santa Catarina, todo o Estado sofre com intempéries incomuns. "O primeiro furacão registrado no Brasil foi lá", comenta Burgierman. "É o Estado mais afetado por eventos extremos, com desde o mar avançando pelo litoral até a seca no interior." No Nordeste, região brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas, o debate se justifica por uma razão em especial. "Quase sempre as emissões de poluentes são feitas pelos ricos, mas quem sofre mais são os pobres, por estarem nos lugares mais perigosos, como a beira dos rios", afirma. "Com as mudanças, a tendência é que as chuvas se reduzam drasticamente. Temos um pedaço no miolo do semiárido que pode se tornar um deserto estéril. E isso gera um monte de efeitos sobre os quais ninguém está querendo pensar." O editor explica que o projeto usa a infraestrutura da rede. "Ele é relativamente estático, não tem atualização frequente". E o conteúdo está espalhado na web. "Colocamos nosso vídeos no Vimeo, as galerias de fotos estão no Flickr. Todo a série é aberta a comentários, e em todos esses lugares a gente recebe opiniões." A primeira fase do projeto já teve pelo menos uma repercussão interessante. "Um diretor especialista da Prefeitura deixou um comentário numa das matérias sobre drenagem em São Paulo. Disse que não concordava com tudo e enviou para mim um longo e-mail discutindo a questão." Para o editor, "falar sobre mudanças climáticas não é algo da moda, é permanente. E a discussão está apenas no começo."

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