SP poderia arrecadar R$ 65 bi em 20 anos com saneamento, diz estudo

No mundo, há mais celulares disponíveis do que banheiros, e cerca de 315 mil crianças morrem anualmente por causa do problema

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Por Leonardo Pinto
Atualização:

No ano em que se completam dez anos da Lei do Saneamento Básico, pouco mais da metade da população tem acesso a tratamento adequado de rede de esgoto no Brasil. Segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Trata Brasil, o Estado de São Paulo poderia arrecadar R$ 65 bilhões em 20 anos se começasse a investir na universalização do sistema, que engloba atualmente 95,6% da população paulista. Essa arrecadação viria da geração de emprego, redução de custos com saúde, aumento de renda com turismo, melhora na produtividade do trabalhador e valorização imobiliária.

SP contabilizou quase 20 mil internações por conta de doenças gastrointestinais infecciosas decorrentes de falha no sistema de saneamentoem 2013 Foto: Estadão Conteúdo

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O estudo estimou que, para se chegar à universalização dos serviços de saneamento do Estado de São Paulo, serão necessários R$ 26,7 bilhões em 20 anos. Ou seja, R$ 1,3 bilhão por ano. Porém, esse investimento seria em parte compensado pela economia com gastos em saúde e por uma maior produtividade do trabalhador. 

Ainda de acordo com o Instituto Trata Brasil, São Paulo contabilizou quase 20 mil internações em 2013 por conta de doenças gastrointestinais infecciosas decorrentes de falha no sistema de saneamento. Naquele ano, somente o Sistema Único de Saúde (SUS) arcou com R$ 7,6 milhões por causa das hospitalizações.

No mundo, a situação é mais crítica e os dados obtidos em pesquisa do projeto Juntos Pela Água mostram que o assunto ainda é um dos maiores problemas de saúde humanitária em âmbito global. Confira abaixo alguns números sobre a realidade brasileira e alguns dados globais sobre saneamento básico:

São Paulo

- Em 10 anos (entre 2005 e 2015) o Estado de São Paulo agregou mais 7,7 milhões de cidadãos ao serviço de abastecimento de água, saindo de 92,6% para 95,6% da população com acesso ao sistema.

- No mesmo período, mais 9,6 milhões de pessoas foram incorporadas ao sistema de coleta dos esgotos, saindo de 78,7% e indo para 88,4% da população de SP.

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- Em 2013, o Estado de São Paulo teve 2,9 milhões de casos de afastamento do trabalho por diarreia ou vômito, uma incidência de 2,6 casos por 1.000 habitantes. Apesar de elevada, essa taxa foi 33% menor do que a verificada dez anos antes, em 2003. No país, a taxa de incidência dos afastamentos por diarreia e vômito foi de 2,9 casos por 1.000 habitantes em 2013, com queda de 35% em dez anos.

- Entre 2005 e 2015 a expansão do saneamento paulista permitiu um aumento da produtividade do trabalho com um ganho de R$ 8,0 bilhões na economia.

- Se houver a universalização do acesso ao saneamento em 20 anos (2015-2035), espera-se uma redução dos custos com saúde de R$ 2,2 bilhões no Estado de São Paulo, o que representa uma economia anual de R$ 110 milhões.

Brasil

- Apenas 50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgotos, e somente 42% do esgoto é tratado.

- 34 milhões de brasileiros não têm acesso a água.

- A cada R$ 1.000,00 que se investirá na expansão da infraestrutura de saneamento, a sociedade brasileira obterá R$ 2.426,00 de retorno social ao longo prazo, com geração de emprego, redução de custos com saúde e aumento de renda com turismo, por exemplo.

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Mundo

- Há mais celulares do que acesso a banheiro. Existe praticamente um celular para cada habitante do planeta, por outro lado 2,4 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a um simples banheiro.

- Mais de 200 milhões de toneladas de esgoto são despejadas de forma irregular e sem tratamento por ano.

-Um em cada 10 seres humanos não tem acesso a água limpa, cerca de 75 milhões de pessoas.

- A cada 20 segundos, 1 criança morre no mundo por água contaminada, contabilizando um saldo anual de 315 mil por ano.

- Há prejuízo de cerca de US$ 260 bilhões todos os anos por causa de mortes em consequência de saneamento inexistente ou precário.

- Problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443 milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos.

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