
14 de dezembro de 2009 | 14h30
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defenderam nesta segunda-feira, 14, em Copenhague, a utilização do etanol como uma das ferramentas para o Brasil atingir a meta de redução de emissões de gases-estufa. Eles participaram de um evento paralelo à Cúpula da ONU para Mudanças Climáticas (COP-15), promovido pela Aliança Brasileira pelo Clima, que reúne 15 das maiores associações relacionadas à bioenergia, agricultura e florestas plantadas.
José Serra, pré-candidato à presidência nas eleições no próximo anos, destacou o etanol em sua participação no evento paralelo à cúpula da ONU em Copenhague. "O atual modelo de industrialização, que tem como base de fonte energética os combustíveis fósseis, não é mais sustentável. E a energia renovável é um dos grandes cacifes do Brasil no plano internacional", disse Serra.
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"Nosso país é o que mais produz etanol com eficiência, devido ao clima favorável e por dominarmos a técnica de produção. Para cada oito unidades de energia de etanol produzidas, utilizamos apenas uma de energia fóssil, o que está contribuindo para a redução das emissões de CO2", explicou o governador de São Paulo.
Minc também enxerga no País um grande potencial para reduzir as emissões de gases-estufa através do uso de bicombustíveis e etanol. "É importantíssimo esse processo de substituição da queima de combustíveis fósseis pela utilização de fontes de energia renovável, como o etanol, que dominamos a técnica de produção e investimos muito em sua tecnologia", afirmou o ministro, que destacou também a iniciativa do governo em reduzir o IPI dos carros zero quilômetros que menos poluem.
Paro ministro do Meio Ambiente, o Brasil terá em Copenhague "um papel muito importante". "A meta de redução de emissões que estabelecemos é a mais ousada entre as nações em desenvolvimento. Poderemos ser a ponte nas discussões entre as nações ricas e os países em desenvolvimento", disse Minc. Sobre um dos principais impasses nas discussões em Copenhague, o financiamento para a mitigação dos efeitos do aquecimento global nas nações menos ricas, o ministro disse que "a saúde do planeta não pode receber menos recursos do que a economia recebeu para se recuperar."
Desmatamento
Sobre o desmatamento, o principal responsável pelas emissões de CO2 do País, tanto Serra quanto Minc avaliam que o problema está sendo combatido com bastante eficiência no território brasileiro. O ministro do Meio Ambiente destacou os programas federais que visam acabar com o desmate ilegal, como Programa Cerrado e Boi Guardião, além da divulgação da queda recorde do desmatamento na Amazônia.
Serra defendeu investimentos em um novo modelo de segurança para as florestas, oferecendo incentivos para aqueles que promoverem a recuperação das matas e melhorando a capacitação dos profissionais que trabalham na fiscalização.
Marina Silva
Observadora do evento, a senadora Marina Silva (PV) aceitou o convite para discursar no final do debate e defendeu que os países em desenvolvimento, como o Brasil, não devem atrelar a meta voluntária de redução ao recebimento do fundo global que será estabelecido para ajudar as nações menos ricas a se adaptarem às mudanças climáticas. "Os países em desenvolvimento não podem ficar criando resistência quando se é discutido o fundo internacional para o meio-ambiente. Precisamos de ajuda, mas temos que agir antes. Liderar pelo exemplo", disse Marina, que, como José Serra, é pré-candidata à presidência nas eleições de 2010.
Sobre as chances de ser firmado um novo tratado para a redução das emissões de CO2, Marina se mostrou preocupada com a questão política que envolve a discussão. "Que as decisões que serão tomadas aqui não sejam pautadas pelas necessidades específicas de cada país, mas, sim, a partir da integralidade dos esforços baseada num compromisso ético, da necessidade que temos de reduzir as emissões".
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