Salles anuncia plano de criação de fundo com BID para Amazônia

Ministro do Meio Ambiente se reuniu com presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas não divulgou informações sobre eventuais doadores e cifras envolvidas

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Por Beatriz Bulla
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WASHINGTON - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou nesta quinta-feira, 19, o plano de criar um fundo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a Amazônia. Não há detalhes sobre os países ou entidades doadoras, recebedoras, valor ou prazo para início da vigência do fundo. O ministro afirmou, após reunião com o presidente do banco, Luis Alberto Moreno, em Washington, que o fundo será um “mecanismo importante para avançar na bioeconomia, pagamento por serviços ambientais”. O Fundo Amazônia, que existia desde 2008 e funcionava com doações de Noruega e Alemanha, está hoje paralisado, após ataques da gestão Jair Bolsonaro ao programa.  

Imagem mostra área desmatada perto de Porto Velho Foto: REUTERS/Bruno Kelly

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“Essa estruturação ainda estamos montando, mas é um fundo que contempla países e setor privado tanto na ponta de doação quanto do recebimento dos investimentos, para desenvolvimento, para pesquisa, para desenvolvimento de atividades. Tende a ser um instrumento muito consistente para finalmente desenvolver essa oportunidade da bioeconomia na Amazônia”, afirmou Salles. 

Ele disse que os valores serão “bastante significativos”, mas disse que ainda não há cifras. Dentro do BID, havia a discussão sobre a possibilidade de utilizar um fundo já existente para o apoio à região, mas a opção feita durante a reunião com Salles foi para a criação de um novo fundo.

Na agenda na capital americana, Salles se reuniu com investidores e concedeu entrevistas a veículos de imprensa estrangeiros, na tentativa de acalmar ânimos sobre a situação das queimadas na Amazônia, que tem atraído preocupação internacional. Inicialmente, ele se reuniria com integrantes do Competitive Enterprise Institute (CEI), entidade que “questiona o alarmismo com o aquecimento global”, mas o encontro saiu da agenda final.

Os recursos do Fundo Amazônia destinados a ações de combate a incêndios na região da floresta têm papel fundamental no trabalho desempenhado pelo Ibama na região, conforme revelou reportagem do Estado.

Brasil ficou fora da lista de oradores de encontro da ONU

Salles afirmou que pretende discursar na Cúpula do Clima da ONU, na próxima semana, se a organização do evento permitir falas de autoridades além de chefes de estado. O Brasil ficou de fora da lista de oradores do encontro, que acontecerá na segunda-feira em Nova York.

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O Itamaraty informou que o Brasil não chegou a se inscrever na lista de interessados em discursar, pois o presidente não estará presente na sessão. “A informação que nós temos é que as falas estão sendo reservadas para os chefes de Estado. O presidente não vai estar aqui na segunda-feira. (…) Se esse fato se alterar, nós estamos à disposição para apresentar a posição brasileira sobre o assunto e eu tenho certeza que vai ser uma posição muito positiva”, afirmou Salles.

O critério para elaboração da lista de oradores foi além da presença de chefes de Estado. A ONU pediu aos países que enviassem informações sobre aumento da ambição dos compromissos climáticos. A intenção era dar espaço nos discursos para aqueles países que tivessem atitude inspiradora sobre combate à crise ambiental e demonstrassem novas metas a serem perseguidas e programas a implementar.

Salles afirmou que Bolsonaro “virá representar o Brasil” na ONU, mas respeitando limitações médicas, em razão da recuperação de uma cirurgia. “(O presidente) virá para a agenda que só ele pode fazer, que é de abertura da Assembleia Geral e os demais temas estão a cargo dos ministros, que é o trabalho que eu estou fazendo aqui”, afirmou o ministro.

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