Rio Negro atinge nível mais alto em 106 anos

O nível mais alto até hoje foi no dia 27 de fevereiro de 1923, quando a marca atingiu 26 metros e 21 centímetros

PUBLICIDADE

Por Liege Albuquerque
Atualização:

A cota do rio Negro atingiu no dia 27 de fevereiro, em Manaus, o recorde da maior marca dos últimos 106 anos. na quarta-feira, 4, a cota estava em 26 metros e 36 centímetros. A cota mais elevada até hoje foi no dia 27 de fevereiro de 1923, quando a marca atingiu 26 metros e 21 centímetros, igual ao de 86 anos atrás.   Veja também:  Seca na Amazônia prejudica absorção de carbono, diz estudo   A coleta de dados sobre o nível do rio Negro foi iniciada em 1903, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Cota de água significa a quantidade de água na vertical, medido por uma régua em um porto de Manaus.   Segundo dados do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), as chuvas da capital em janeiro e fevereiro foram acima da média histórica desde 1998. Em janeiro deste ano choveu 398 milímetros, 35% acima da média. Em fevereiro, choveu 349 milímetros, sendo a média histórica neste período de 347 milímetros.   De acordo com o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira, o registro elevado, contudo, ainda não é indicador de que o rio Negro e outras bacias hidrográficas do Estado viverão a maior enchente em um século.   "O nível do Solimões e afluentes ainda está baixo e eles vão definir como será o período de cheias, no segundo semestre", afirmou. No dia 31 de março, o CPRM faz o primeiro alerta de cheias do ano, sugerindo quais serão os níveis dos rios a partir de junho, quando começam o período de cheia dos rios.   Segundo Oliveira, os números no início de março ainda são contraditórios e não indicativos de uma grande enchente, como em 1923, quando apesar do recorde no final de fevereiro daquele ano, a cheia foi considerada pequena.   No interior do Amazonas, já há pelo menos um município, Barreirinha, a 325 quilômetros de Manaus, em estado de emergência. Há 600 famílias morando em lugares alagados, correndo o risco de perderem suas casas. "Estamos em alerta para outros municípios na calha do Rio Negro", disse o coordenador da Defesa Civil Estadual, Coronel Roberto Rocha.   As últimas grandes cheias no rio Negro, em Manaus, foram em 1999 (29 metros e 30 centímetros), 1994 (29 metros e 5 centímetros) e 1989 (29metros e 42 centímetros). A maior, desde 1903, é a de 1953, quando a cota atingiu 29 metros e 69 centímetros.   Turismo   O turismo na Amazônia pode vir a ser o novo vilão do meio ambiente, ao lado do desmatamento ilegal da floresta e da poluição dos rios causada pela exploração mineral. A constatação é de uma pesquisa do geógrafo da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Mauro do Nascimento, que apresentará seu trabalho na reunião regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).   A pesquisa mostra que na margem esquerda do baixo Rio Negro, entre o arquipélago de Anavilhanas e o igarapé Tarumã, a natureza já dá sinais de degradação. Nessas áreas, o único acesso é por meio de barcos turísticos, como a praia do Tupé, que recebem mais de 1,5 mil pessoas por dia.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.