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Recuperação verde pós-covid pode cortar até 25% da emissão de gases no mundo, diz órgão da ONU

Políticas corretas aproximariam planeta da redução de 2ºC na temperatura mundial até 2030, como estabelecido no Acordo de Paris

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Por João Ker
Atualização:

Políticas direcionadas a uma retomada verde no pós-pandemia podem reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 25% até 2030, afirma o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em relatório divulgado nesta quarta-feira, 9. De acordo com o órgão, isso aproximaria o planeta da meta estabelecida no Acordo de Paris, que prevê diminuição de 2ºC no aquecimento global. 

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O PNUMA afirma que as reduções de até 7% nas emissões de dióxido de carbono, motivadas pela diminuição de viagens, atividade industrial e geração de energia elétrica na pandemia, não causam impacto significativo e que os países precisam “solidificar os compromissos” para zerarem as emissões líquidas. Hoje, o aumento da temperatura mundial para este século está previsto em 3ºC.

"A queda nas emissões que presenciamos este ano não foi estrutural. É preciso que seja uma redução gradual, continua, de longo prazo e global. As emissões não caíram porque adotamos medidas de eficiência energética, mudamos nossas tecnologias, ou adotamos combustíveis menos poluentes", explica Joana Portugal Pereira, professora da Coppe/UFRJ, e uma das autoras do relatório. 

"O ano de 2020 está a caminho de ser um dos mais quentes já registrados. Enquanto isso, incêndios florestais, tempestades e secas continuam a causar estragos", afirma Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. Ela diz que se os governos aplicarem as medidas corretas para a redução de emissão dos gases, é possível atingir a meta “mais ambiciosa” de frear o aquecimento global em 1,5%.

Segundo o acordo de Paris, os países são responsáveis apenas pelas emissões que eles produzem. Uma siderúrgica na China Foto: Thomas Peter/Reuters

O documento mostra que, apenas em 2019, houve aumento de 2,6% na emissão global de gases do efeito estufa, acima da média anual de 1,4%, registrada desde 2010. Um dos principais motivos listados para esse aceleramento é a intensificação dos incêndios florestais. 

Entre as medidas verdes de redução que devem ser adotadas pelos países, o PNUMA cita o apoio direto a tecnologias e infraestrutura de emissões zero, a diminuição dos subsídios aos combustíveis fósseis, a proibição de novas usinas de carvão e a promoção geral de soluções baseadas na natureza, como a restauração de paisagens em larga escala e o reflorestamento. 

De acordo com o relatório, 126 países que representam 51% das emissões globais de gases do efeito estufa já anunciaram ou consideram metas de emissão zero, mas as ações para uma recuperação fiscal verde no pós-pandemia são “limitadas”. “Os níveis de ambição no Acordo de Paris ainda devem ser triplicados para seguirmos no caminho de 2°C e aumentados em pelo menos cinco vezes para o caminho de 1,5°C”, diz o documento.

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