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Qualidade dos dados é fundamental para evitar o greenwashing

Para especialista, gestão ESG robusta torna as empresas mais resilientes

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Por Redação
Atualização:
Nelmara Arbex, líder em ESG da KPMG no Brasi 

Faz parte do papel das lideranças corporativas administrar os negócios em momentos de turbulência, até mesmo com as graves crises mundiais em curso. O que não significa, conforme avalia Nelmara Arbex, líder em ESG da KPMG no Brasil, que as práticas ESG podem ser colocadas em segundo plano. Para a especialista, o tema será um atributo crítico de sucesso corporativo na próxima década.

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Num panorama geral, como estão os projetos de Carbono Zero nas empresas brasileiras?

Na KPMG, temos sido procurados todos os dias por empresas dos mais diversos setores que desejam construir seus inventários de carbono ou melhorar seus inventários. Isso significa entender quanto carbono estão emitindo, quais as principais fontes e o que pode ser feito para reduzir essas emissões. É um tema que certamente vem ganhando cada vez mais importância e urgência. O que existe nos últimos cinco anos é uma expectativa cada vez maior, inclusive por parte dos investidores, de que empresas e reguladores vão concretamente mudar a forma como estamos implementando soluções.

Quais os riscos que uma empresa corre ao não dar a atenção necessária e urgente à temática ESG, especialmente no pilar Ambiental?

Os aspectos ESG estão intrinsecamente ligados aos negócios. Não dar a devida atenção a esses temas deixa a empresa frágil, desconectada do contexto em que os negócios acontecem. O que observamos mais concretamente são dificuldades para se inserir em cadeias de fornecedores de grandes empresas, para ter acesso a capital, para entrar em determinados mercados ou para atrair certos perfis de profissionais. A empresa deixa também de ter acesso a incentivos disponibilizados a quem tem, por exemplo, projetos concretos de redução de emissões.

Como é a estrutura que as empresas vêm montando, internamente, para lidar com a temática ESG?

ESG é uma agenda muito ampla. Hoje, as áreas de sustentabilidade têm muito mais um formato de hub, de centro coordenador e impulsionador, já que essa agenda está distribuída por todos os setores da empresa. São áreas que precisam atuar muito próximas de planejamento, do CEO, do CFO e da diretoria executiva.

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Criar padrões confiáveis e transparentes para a análise das ações de sustentabilidade é essencial para evitar o chamado greenwashing?

Greenwashing é uma diferença entre a comunicação que a empresa faz sobre um resultado que ela obteve e as evidências que podem ser encontradas sobre esse resultado. Essa diferença – que pode ser criada de forma intencional ou não – faz surgir uma dúvida: será que aquela performance realmente aconteceu da forma como os comunicadores quiseram contar? É muito importante, então, que as comunicações da empresa andem lado a lado com as evidências relacionadas a essas comunicações. Só a qualidade dos dados vai garantir que a empresa comunique com propriedade sobre o que está fazendo. Precisamos avançar muito nesse aspecto aqui no Brasil, onde temos um gap importante na qualidade da coleta e organização dos dados ESG.

A economia vive sob tensões e sobressaltos – pandemia, ano eleitoral e guerra na Ucrânia, para citar alguns exemplos atuais. Com tantos incêndios ocorrendo o tempo todo, como convencer os gestores de que é preciso cuidar de indicadores de longo prazo, como as metas de redução de carbono?

Conduzir um negócio num contexto com tantas mudanças e tensões é o que se espera das lideranças. Então, não se trata de curto ou longo prazo, e sim de lidar com as questões que precisam ser enfrentadas. O que os investidores e especialistas têm demonstrado é que as empresas com uma gestão ESG robusta lidam melhor com um ambiente de negócios conturbado, navegam melhor por águas bravias e conseguem influenciar suas cadeias de fornecedores para que façam o mesmo. Em outras palavras: essas empresas são mais resilientes. E isso será um atributo crítico para o sucesso corporativo na próxima década.

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