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Proximidade é a solução

Hortas urbanas facilitam a chegada de alimentos saudáveis à mesa dos consumidores de baixa renda

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Por Redação
Atualização:
Crédito de foto: Getty Images 

A parcela da população brasileira em situação de insegurança alimentar grave – ou seja, que está passando fome – aumentou 70% no último ano e meio, de acordo com a recém-divulgada atualização do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 (Vigisan). Realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), a pesquisa indicou que 33,1 milhões de brasileiros (15,5% da população) estão enfrentando essa situação, contra 19,1 milhões (9,1%) no final de 2020. São dados especialmente impactantes para um país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e ajuda a assegurar a segurança alimentar de pelo menos outros 30 países.

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Uma das estratégias defendidas por especialistas para amenizar esse quadro é aproximar a produção de alimentos saudáveis dos consumidores dos grandes centros. É o chamado “circuito curto”, que reduz os custos de transporte, o índice de desperdício de alimentos e o número de intermediários no trajeto entre a produção e a mesa. As chamadas “hortas urbanas” são o símbolo dessa visão. “Fizemos um estudo aprofundado que demonstra que, com o fortalecimento das políticas públicas, o atendimento de todo o consumo de verduras e legumes da região metropolitana de São Paulo, com 22 milhões de habitantes, poderia se dar com produção local”, exemplifica Vitória Leão, coordenadora de projetos do Instituto Escolhas, associação civil que busca qualificar o debate sobre sustentabilidade.

O Instituto faz um trabalho de advocacy junto a prefeituras para que sejam tomadas uma série de providências que possam contribuir para a expansão das horas urbanas, como políticas de financiamento e de assistência técnica para a transição da produção de alimentos em direção a modelos mais sustentáveis; políticas de acesso à terra, por meio da regularização de áreas já ocupadas e de comodatos de áreas públicas disponíveis; e prioridade aos produtores locais para as compras públicas, como no caso de merendas escolares. O incentivo a novos negócios é outro foco de atenção para fomentar a agricultura urbana. “Há ações muito importantes de startups que criam mecanismos de aproximação entre produção e consumo”, observa Vitória.

Algumas prefeituras já têm ações efetivas de incentivo à prática. A de Porto Alegre (RS), por exemplo, criou um curso de formação em Hortas Urbanas, que ensina o passo-a-passo para desenvolver um espaço verde em comunidade. Destinado a instituições e pessoas responsáveis por formar ou dar continuidade a hortas comunitárias, o curso tem carga horária de oito horas. “Vamos abordar desde a parte prática da manutenção agroecológica até a relação entre hortas urbanas e a assistência social, o convívio em comunidade, a educação ambiental, a segurança alimentar e a prevenção em saúde", diz Carolina Breda, coordenadora da Unidade de Segurança Alimentar da prefeitura.

A iniciativa privada também tem uma importante contribuição a dar. O iFood, por exemplo, desenvolve há nove meses um projeto de apoio a hortas urbanas em escolas públicas localizadas em regiões de baixa renda, com três unidades já instaladas e duas em processo de construção no estado de São Paulo. “Acreditamos que esta é uma das soluções possíveis para apoiar a população mais vulnerável, especialmente neste delicado momento da nossa economia”, diz Flávia Rosso, gerente de sustentabilidade e líder da frente de combate à fome do aplicativo. 

A experiência do iFood com hortas urbanas começou no telhado da sede do escritório, ponto de partida para a ampliação do projeto, por meio de parcerias com empresas especializadas em implementar as hortas. Nas escolas, as 25 espécies de hortaliças e tubérculos cultivados são usadas na merenda das crianças e o excedente é levado por elas para casa, ampliando o alcance dos benefícios para toda a família.

A produção acumulada chega a 17 toneladas e o número de pessoas impactadas já passa de 10 mil. O ponto-chave para o sucesso do projeto a longo prazo, contudo, é criar condições para que cada horta se torne permanente e autossustentável – toda a orientação necessária para isso é prestada aos responsáveis pelas instituições. “Assim a gente consegue abrir outras frentes e multiplicar a ideia”, diz a executiva do iFood.

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“Acreditamos que esta é uma das soluções possíveis para apoiar a população mais vulnerável, especialmente neste delicado momento da nossa economia”

Flávia Rosso, gerente de Sustentabilidade e líder da frente de combate à fome do iFood

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