O presidente da Conferência do Clima (COP-26), que começa neste domingo, 31, em Glasgow, Alok Sharma acredita que a cúpula deste ano será "mais difícil" do que a de Paris, em 2015, em que um acordo foi assinado para limitar o aumento médio de temperatura global a 2ºC (Acordo de Paris). Para ele, definir regras detalhadas para pendências do tratado e questões geopolíticas serão os principais desafios.
“A conquista de Paris foi fantástica, histórica, mas foi apenas um acordo-quadro”, disse em entrevista à Sky News. “O que temos que fazer desde então é acertar algumas das regras detalhadas. Algumas delas ainda estão pendentes seis anos depois. Este é um verdadeiro desafio.”
Sharma ainda destacou que “as questões geopolíticas são mais difíceis do que em Paris”, o que pode dificultar discussões. “Minha mensagem para todos os líderes é clara: deixem para trás os fantasmas do passado e fiquem unidos em torno desta questão que afeta a todos nós, protejam nosso precioso planeta”, defendeu.
Questionado sobre as ausências em Glasgow, como a do presidente da China, Xi Jinping, e o da Rússia, Vladimir Putin, Sharma argumentou que os dois países anunciaram metas de emissões zero para meados deste século. “O encontro de lideranças é muito importante, virão mais de 120, de todo o mundo. Mas, além disso, teremos duas semanas de negociações detalhadas”, das quais também participam comitivas enviadas pela Rússia e China, frisou.
Assim como os líderes russo e chinês, o presidente Jair Bolsonaro não deve comparecer à COP26. O País chega ao evento com um aumento de 9,5% nas emissões de gases do efeito estufa em 2020, em relação ao ano anterior. A tendência mundial foi de queda (-7%).
Secretária executiva da ONU considera ‘absolutamente possível’ o êxito da COP26
A secretária executiva da ONU para Mudanças Climáticas, Patricia Espinosa, declarou neste domingo que considera “absolutamente possível” que a COP26 tenha êxito. Ela destacou, contudo, que o sucesso do evento dependerá especialmente dos países do G20.
“Necesitamos de ainda mais ambição de mais países, especialmente dos grandes emissores do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões globais", declarou.
Autoridade máxima da ONU em mudanças climáticas, Patricia acrescentou que o momento atual está em "um ponto fundamental da história". "Ou elegemos uma rápida redução de emissões em grande escala para manter o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC ou a humanidade enfrentará um futuro desolador.”
Ela destacou ainda a necessidade de se aumentar os esforços em adaptação e mitigação, caso contrário "mais gente morrerá, mais famílias sofrerão", e também pediu que os países trabalhem conjuntamente “não só para as gerações presentes, mas também para todas as que estão por vir. "É muito mais que meio ambiente, é sobre paz, estabilidade e as instituições que construímos para promover o bem-estar de todos". /Com informações de Reuters e EFE