Pnuma diz que integração afeta meio ambiente do Mercosul

Pressão do comércio imposto pelo grupo leva a profundas modificações no território dos países membros

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Por Redação
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Mais da metade do território dos países do Mercosul foi modificada pela ação do homem e a restante enfrenta a pressão do comércio e da integração regional sobre os recursos naturais, afirma um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado nesta sexta-feira, 14, no Rio de Janeiro.   O relatório foi debatido durante a 9ª Reunião Ordinária de Ministros do Meio Ambiente do Mercosul, realizada hoje no Rio de Janeiro e que contou com representantes de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, assim como do Chile, país associado ao bloco.   O documento adverte de que as 55 eco-regiões "estão afetadas de alguma forma e em diferente grau pelo comércio internacional ou os processos de integração".   Segundo o texto, 60,5% das exportações dos cinco países é de bens primários e, por isso, o comércio internacional da região é um dos fatores que mais pressiona o crescimento das áreas de cultivo e pasto para a pecuária no Mercosul.   No caso da Amazônia, o documento destaca que sofre a pressão de agricultores interessados em aumentar suas áreas de plantação e de madeireiros.   O texto acrescenta que o estado de preservação da savana brasileira e do Pantanal já é crítico e que os dois ecossistemas sofrem um rápido processo de expansão da fronteira agropecuária.   O estudo considera muito "vulnerável" o estado de conservação da savana da Argentina, do Chaco e dos desertos de Atacama e Sechura, e como "crítico-ameaçado" o do Espinal e da Patagônia e a floresta temperada Valdivia.   O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, assinalou que o estudo demonstra que o ambiente deixou de ser algo secundário para o bloco.   "Coincidimos em que, como já ocorre nos países desenvolvidos, o meio ambiente também é prioritário na órbita da produção e do comércio do Mercosul", disse à Agência Efe o ministro de Habitação, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente do Uruguai, Carlos Colacce.   "Se pensarmos que os países do Mercosul exportam principalmente produtos que surgem de seus recursos naturais, temos que concluir que, se não protegermos o meio ambiente, vamos terminar matando nossa galinha dos ovos de ouro", explicou.   O texto indica também que as atividades comerciais e a própria integração desempenham um papel decisivo sobre os recursos naturais e sobre os ecossistemas compreendidos em uma área de 12 milhões de quilômetros quadrados que abrange os cinco países.   Além disso, o documento afirma que várias das eco-regiões são compartilhadas pelos países do Mercosul, o que demonstra "que nenhum está isolado ambientalmente".   Os produtos agropecuários e matérias-primas representam 47% das exportações do Brasil, 60% para a Argentina, 70% para o Uruguai, 80% no Chile e 87% no Paraguai.   O relatório adverte de que, por essa razão, as medidas que restringem a extração dos recursos naturais se "chocam" com os potenciais lucros de exportação, especialmente porque os preços são impostos por países que não sofrem diretamente os danos ambientais.

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