
04 de julho de 2015 | 18h01
BRASÍLIA - Dentro do Palácio do Planalto, auxiliares da presidente Dilma Rousseff avaliam que a passagem pelos Estados Unidos serviu não apenas para normalizar a relação com Washington como para o lançamento de uma agenda ambiental ambiciosa, ancorada em metas factíveis e realistas.
“A declaração de cooperação entre países nunca é modelada por factoides. A presidente Dilma Rousseff não gosta disso, nem o Brasil. A negociação foi toda fundamentada em números e trajetórias que poderíamos de fato cumprir”, disse ao Estado a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. “É uma agenda extremamente ambiciosa. Quando eu ofereço o número, eu tenho de ter a base do número.”
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A proposta de elevar a participação de fontes renováveis em sua matriz energética - sem considerar a geração hídrica - teria sido trazida pelo governo brasileiro à Casa Branca às vésperas da reunião entre Dilma e o presidente Barack Obama. O governo americano esperava dos brasileiros o anúncio de metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa, mas o Planalto avaliou que a Conferência do Clima (COP-21), em Paris, no fim do ano, será o palco ideal para fazê-lo.
Para auxiliares da presidente, a viagem reafirmou a liderança do Brasil em discussões climáticas e reverteu o desgaste provocado em setembro do ano passado, quando o País ficou de fora de um compromisso de desmatamento zero firmado na cúpula do clima em Nova York.
Na ocasião, Dilma alegou que o Brasil não havia sido consultado, e o acordo contrariava a legislação brasileira, que permite o manejo florestal.
Bases. Para garantir o combate ao desmatamento, a ministra Izabella Teixeira ressalta que será fundamental a implementação de bases produtivas, econômicas e jurídicas. A taxa anual medida pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi de 4.848 km², entre agosto de 2013 e julho de 2014.
“Quero antecipar o máximo que puder o fim do desmatamento. É coisa para burro pra fazer e é obvio que a presidente está sinalizando que vai fazer isso dialogando com as forças produtivas. Queremos pecuária sustentável, aumento de produtividade, agricultura de baixo carbono”, comentou a ministra.
Na quarta-feira, durante almoço na Universidade de Stanford, oferecido pela ex-secretária de Estado Condoleezza Rice, Dilma foi muito questionada por executivos e acadêmicos sobre os projetos do Brasil na área de biocombustíveis e na construção de hidrelétricas. Pelo menos na relação com os americanos, o clima já melhorou.
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