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Petrobrás vai importar diesel menos poluente para 2009

Como é 10% mais caro do que o comercializado no País, diferença será passada para o bolso do consumidor

Por Kelly Lima e da Agência Estado
Atualização:

A Petrobras vai importar 1,8 milhão de litros de diesel do tipo S50 para atender as frotas metropolitanas de transporte público em São Paulo e no Rio de Janeiro em 2009. Como o combustível é em torno de 10% mais caro do que o comercializado no País, esta diferença será passada para o bolso do consumidor, disse nesta terça-feira, 4, o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Veja também: Procuradora diz que acordo do diesel não foi retrocesso Governo tinha MP para deter redução de enxofre, diz Graziano Minc: acordo para enxofre no diesel foi 'o melhor possível' Governo recua e autoriza diesel com 1.800 ppm de enxofre Atraso de diesel menos poluente terá reflexo por 22 anos Mantido prazo de corte do enxofre Impasse de enxofre no diesel será resolvido na Justiça Minc propõe antecipar redução de enxofre no diesel Diesel com menos enxofre só em SP e RJ A medida de adoção do diesel S50, no entanto, não deverá se reverter em um amplo benefício ambiental para as duas cidades. Isso porque, com os motores atuais existentes no país, o diesel S50 só reduz as emissões de gases poluentes em torno de 5% e não em 70% como ocorreria se os motores já estivessem adaptados a este combustível. Costa argumentou que há distorções na interpretação que vem sendo feita do acordo firmado no último dia 30 de outubro, entre a Anfavea, a Petrobras, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama. Segundo ele, a resolução de número 315 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, datada de 2002, previa apenas que fossem reduzidas as emissões de gases poluentes, mas não especificava o tipo de diesel ou de motor a ser adotada no país. Apenas na regulamentação desta norma do Conama, feita pela Agência Nacional do Petróleo em outubro de 2007, foi especificada a necessidade de adoção do diesel S50, que na prática significa que o volume de emissões deverá ser de 50 partes por milhão (ppm), em substituição aos 20 mil ppm e 500 ppm hoje existentes respectivamente no diesel do interior do país e das grandes regiões metropolitanas. "Ainda assim, a Petrobras desde 2003 anunciou investimentos para a instalação de unidades de tratamento de diesel, que já previam reduções gradativas até 2011 e 2012. Na prática, tanto a Petrobras, quanto a Anfavea poderiam ter começado a adotar estas medidas apenas em outubro de 2007", disse. Segundo Costa, o acordo firmado no último dia 30 prevê uma série de medidas para a substituição do atual tipo de diesel por um menos poluente. Além da adoção do diesel S50 importado para as frotas do Rio e São Paulo, no interior do país, por exemplo, que concentra 73% de todo o diesel utilizado hoje, as emissões devem cair de 2 mil ppm para 1,8 mil já em 2009. O S50 será estendido para as frotas de transporte público de Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador entre outubro de 2009 e janeiro de 2010. Já Fortaleza, Belém e Recife terão 100% de sua frota utilizando diesel S50 em maio de 2009. "Vamos cumprir o acordo, mas infelizmente não haverá o benefício esperado ainda no próximo ano", disse em entrevista coletiva realizada há pouco no Rio, lembrando que os motores utilizados nos veículos existentes hoje no país não comportam e não possuem condições de melhor aproveitamento desse combustível. Como sugestão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, as montadoras de veículos vão pular uma etapa do processo e em vez de adaptarem seus novos motores ao S50 vão trazer a tecnologia do S10 (10 ppm) para a nova frota que começa a ser comercializada em 2012. Segundo o diretor da Petrobras, a estatal já estará apta a fornecer o S10 em pequenas quantidades a partir de janeiro de 2013, a partir de um novo investimento de US$ 2 bilhões para adaptar suas refinarias. "Na prática, com a adoção deste cronograma estaremos em 2013 em linha com o mesmo combustível adotado em partes da Europa e Estados Unidos em 2009", disse Costa.

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