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Parques florestais da Amazônia recebem propostas de 'adoção' de 15 empresas

Iniciativa foi batizada pelo Ministério do Meio Ambiente como 'Adote 1 Parque' e prevê que empresas repassem recursos que serão usados em medidas de proteção e fiscalização; companhias poderão fazer ações de publicidade

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – O programa de patrocínio de empresas para proteção da floresta amazônica começou a receber propostas. A iniciativa, que foi batizada pelo Ministério do Meio Ambiente como “Adote 1 Parque”, prevê que empresas repassem recursos financeiros que serão usados em medidas de proteção e fiscalização dessas áreas. Em troca, essas empresas podem fazer ações de publicidade sobre o projeto que ajudam a proteger.

O decreto de criação do programa foi enviado à Casa Civil e já passou pela Secretaria do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI) e pelo Ministério da Economia. A previsão é que seja publicado nos próximos dias.

Ministério do Meio Ambiente recebeu inicialmente interessede 15 empresas no programa 'Adote UmParque' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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O Estadão apurou que 15 empresas – todas elas nacionais – já apresentaram “manifestação de interesse” em participar do programa. Nesta lista estão três bancos e três indústrias. Os demais interessados são do setor de comércio.

As três maiores propostas de apoio preveem o repasse de cerca de R$ 5 milhões, pelo prazo de um ano, que é o tempo previsto para cada “adoção”. Como o preço estipulado foi de R$ 50 anuais por hectare, isso significa o repasse para financiar ações em um parque com tamanho de 100 mil hectares, por exemplo. A lista de interessados ainda não possui nenhuma empresa estrangeira. O valor do programa, neste caso, foi fixado em 10 euros por hectare, por ano.

A ação tem sido apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma das principais medidas frente à enxurrada de críticas contra a política ambiental do governo e o crescimento recorde das queimadas e desmatamento na Amazônia e no Pantanal.

As florestas protegidas, conhecidas como unidades de conservação federais, são administradas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Há 132 unidades desse tipo na Amazônia, de diferentes tamanhos. Juntas, essas áreas respondem por 15% de todo o bioma amazônico.

O programa prevê que a adoção do parque possa ser feita por uma única companhia ou por um consórcio de empresas. Ao assumirem um parque, passam a ser patrocinadores pelo prazo de um ano. Vencido esse prazo, a unidade pode ser novamente oferecida à mesma companhia ou a terceiros.

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O programa prevê que, para viabilizar a aplicação dos recursos doados, o BNDES atuará como o agente operacional do programa. A empresa que doar o recurso, portanto, não precisa assumir a gestão dos recursos que vai dispor, mas repassá-los ao BNDES, que atuará em parceria com o ICMBio.

DiCaprio

Nesta quinta-feira, o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, citou o programa em resposta ao ator Leonardo DiCaprio. Pelo Twitter, questionou se o ator apoiaria a iniciativa para a preservação da Amazônia. Foi uma reação, após DiCaprio compartilhar a publicação de uma campanha que critica a política ambiental do governo Jair Bolsonaro na Amazônia.

"Querido, @LeoDiCaprio, o Brasil está lançando o projeto Adote um Parque, que permite que você ou qualquer outra empresa ou pessoa escolha um dos 132 parques da Amazônia e diretamente o patrocine com 10 euros por hectare por ano".

Salles terminou a publicação com a expressão em inglês "are you going to put your money where your mouth is?" (vai colocar dinheiro onde está a sua boca?, em tradução livre). A expressão significa mostrar pelas próprias ações e não apenas por palavras ou apoio a uma causa.

Na quarta-feira, DiCaprio publicou em suas redes sociais um vídeo feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil com a campanha 'Defund Bolsonaro' (Corte o financiamento de Bolsonaro). A iniciativa pede o boicote de empresas de soja, carne e couro que, segundo a organização, ao lado do atual governo brasileiro, estariam relacionadas com queimadas na Amazônia.

Não é a primeira vez que o ator se engaja em assuntos ambientais que envolvem a Amazônia. Em 18 de agosto, Leonardo DiCaprio compartilhou nas redes sociais uma reportagem do The Guardian sobre o desmatamento na região brasileira.

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