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Primeiros filhotes de sagui ameaçado de extinção nascem em parque de São Carlos

Espécie é endêmica dos arredores de Manaus e teve a população drasticamente reduzida pelo crescimento da capital amazonense

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Um casal de sauim-de-coleira, espécie de sagui ameaçada de extinção na natureza, produziu os primeiros filhotes no Parque Ecológico de São Carlos, interior de São Paulo. 

Equipe aguardou que os recém-nascidos vencessem o período mais crítico dos primeiros dias de vida para anunciar a boa nova Foto: Parque Ecológico de São Carlos

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A espécie é endêmica dos arredores de Manaus e teve a população drasticamente reduzida pelo crescimento da capital amazonense. O casal foi enviado ao parque paulista há dois anos como parte de um programa de manejo da espécie. 

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O nascimento dos gêmeos aconteceu no último dia 2, mas só foi divulgado nesta sexta-feira, 17. "Consideramos um presente para a cidade, que no dia 4 comemorou 160 anos de fundação", disse o biólogo do parque, Francisco Rogério Paschoal.    A equipe aguardou que os recém-nascidos vencessem o período mais crítico dos primeiros dias de vida para anunciar a boa nova. "Também queríamos que o casal tivesse toda a tranquilidade, pois a gestação anterior resultou num aborto", revelou Paschoal. Ainda não foi possível verificar o sexo dos filhotes. 

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Conforme o biólogo, o pai e a mãe se revezam nos cuidados com as crias e a ordem é interferir o mínimo possível nessa convivência. "Os filhotes estão em um ninho com temperatura controlada, mas os pais circulam pelo recinto e podem ser vistos pelo público. Temos pedido apenas a colaboração dos visitantes para que não façam barulho excessivo, nem joguem alimentos ou objetos no recinto." O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) é um bicho pequeno, com corpo de 23 cm e outros 38 cm de cauda, em média. Não pesa mais que meio quilo, chamando a atenção pelas duas cores características - a pelagem branca na parte do tórax, pescoço e braços, e marrom alaranjada na barriga, parte interna das pernas e dorso. 

+++ 2017 deve terminar entre os três anos mais quentes do registro histórico O animal só ocorre numa área restrita do Estado do Amazonas, com seu habitat cada vez mais "espremido" pela expansão urbana da capital. "Com a perda da floresta, eles acabaram ocupando bosques urbanos e há casos de eletrocussão, atropelamentos em ruas e mortes pelo ataque de cães", contou o biólogo.  A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), considera o saium-de-coleira como espécie "em perigo" de extinção. Estima-se que existam não mais que 30 mil espécimes na natureza. Desde 2011, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) coordena um plano de ação nacional para a conservação do pequeno primata. "Entre as estratégias, está a reprodução em cativeiro para a formação de banco genético e também para a soltura, visando o aumento da população no ambiente", explicou. O plano de manejo, segundo o biólogo, vai definir o destino dos atuais filhotes e dos futuros, já que o casal é jovem e deve continuar procriando. No interior de São Paulo, o zoológico de Bauru também já conseguiu reproduzir o saium-de coleira.  De acordo com a bióloga Dayse Campista, representante da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil no plano de manejo do sauim, os zoológicos têm papel fundamental na conservação da espécie. "O sucesso da reprodução no Parque Ecológico de São Carlos é uma esperança e uma grande contribuição", disse. O parque abre para o público de terça-feira a domingo, das 8h às 16h30, com entrada gratuita.

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