28 de setembro de 2009 | 08h29
Delegados de 190 países iniciaram nesta segunda-feira, 28, em Bangcoc a penúltima reunião preparatória da Conferência de Mudança Climática da ONU em Copenhague, em busca do consenso sobre as emissões de CO2 e de conseguir, antes de 2012, um acordo para substituir o protocolo de Kyoto.
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Na abertura, o negociador americano Jonathan Pershing afirmou que a proposta do país para o corte de emissões de gases é tão ambiciosa como a da União Europeia ou Japão, e pediu aos países em desenvolvimento um esforço maior.
O senado dos Estados Unidos debate uma lei para reduzir até 2020 as emissões de gases poluentes até os níveis de 1990, o que representaria um corte de 25% das quantidades atuais, e diminuir até 80% até 2050.
A União Europeia (UE) se comprometeu em reduzir as emissões em 30% em relação aos níveis de 1990, se o resto dos países industrializados diminuírem até 20%.
O recém eleito Governo democrata do Japão surpreendeu na reunião na ONU, em Nova York, na semana passada, ao aumentar a oferta de 8% para 25%, abaixo dos níveis de 1990 nos próximos 19 anos.
Pershing admitiu, no entanto, que Japão e Europa superaram os Estados Unidos na redução de dióxido de carbono (CO2) nos últimos anos, mas ressaltou que a nova Administração do presidente Barack Obama se compromete "em fazer parte de um novo tratado para reduzir as emissões".
A tarefa não pode vir de um só país e insistiu para que as nações em desenvolvimento assumam um papel mais relevante no próximo pacto, que deverá ser assinado antes de 2012.
"Até o momento não existe nenhum acordo internacional que comprometa os países em desenvolvimento a reduzirem as emissões de gases na atmosfera", disse Pershing.
Yvo de Boer, responsável pela Mudança Climática da ONU, advertiu que só faltam 70 dias para a reunião em Copenhague e lembrou que as negociações deverão ser realizadas durante os 15 dias em Bangcoc e ao longo dos sete dias do último encontro de Barcelona.
Boer opinou que os números apresentados pelas delegações, como no caso da Europa, Japão e os Estados Unidos, não são equiparáveis.
"Os 25% anunciados pelo Japão têm maior importância, dado que sua economia é a mais eficiente do mundo, enquanto que a Europa conta com os países emergentes do Leste e sua pressão demográfica é menor que nos Estados Unidos", explicou Boer em entrevista coletiva.
A principal tarefa em Bangcoc e Barcelona será reduzir a atual minuta da cúpula, de 280 páginas, em um acordo concreto e factível para todos os países.
O Painel da ONU sobre a Mudança Climática recomenda que a redução de gases do efeito estufa deve ficar entre 25% e 40% até 2020, respeitando os níveis de 1990, para que a temperatura não suba acima dos 2 graus centígrados, o que desencadearia graves desastres naturais.
Se não forem tomadas medidas concretas, alertam os ecologistas à ONU, o mundo vai enfrentar cada vez mais desastres como as inundações que ocorreram neste final de semana nas Filipinas, que mataram mais de 140 pessoas.
As economias mais ricas se comprometeram a financiar os esforços das nações em desenvolvimento, embora condicionem os números aos acordos sobre as medidas que se alcancem para reduzir as emissões de gases.
"Em princípio, a UE falava em apresentar 35 bilhões de euros, mas nas últimas sugestões os valores caíram para cifras entre 2 bilhões e 15 bilhões de euros, claramente insuficiente", assegurou Tasmeen Essop, do Fundo Mundial para a Natureza.
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