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ONU afirma que as metas de Copenhague para reduzir emissões não são suficientes

Segundo relatório das Nações Unidas, acordo da COP-15 só reduz 60% das emissões necessárias até 2020

Por AP
Atualização:

De acordo com a agência de meio-ambiente da ONU, as promessas de corte de emissões feitas por um acordo não-obrigatório entre nações no ano passado não são suficientes para evitar as consequências do aquecimento global. O relatório, divulgado nesta terça-feira, aparece em um contexto de preparação para a COP-16 do Clima, que vai acontecer em Cancun, Mexico.

 

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Mesmo que as metas voluntárias feitas no Acordo de Copenhague sejam totalmente cumpridas, isso só vai representar 60% do corte de emissões necessário para que as temperaturas subam menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais e evitar os piores efeitos do aquecimento global, disse a publicação do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês).

 

Entretando, o diretor executivo do UNEP Achim Steiner considera que as metas são "um bom primeiro passo", e que os 40% restantes podem ser alcançados posteriormente, com emissões mais rígidas.

 

"Existe um hiato entre a ciência e os níveis correntes de ambição", afirma Steiner. "O que este relatório mostra é que as opções existentes neste momento já pode nos fazer chegar à nossa meta em 60%."

 

O fracasso da conferência anual da ONU em Copenhague no ano passado para definir um acordo climático, a COP-15, levantou dúvidas sobre a possibilidade de um diálogo entre as 194 nações que obrigatoriamente mitiguem o aquecimento global.

 

A falha principal foi a incapacidade de encontrar uma fórmula de consenso para reduções obrigatórias das emissões de dióxido de carbono eoutros gases responsáveis pelo aquecimento global entre os países. Uma disputa entre Estados Unidos e China tem bloqueado o progresso de acordo global sobre o clima.

 

A expectativa em resolver este problema em Cancun é pequena. Em vez disso, os delegados vão se concentrar na ajuda financeira ao clima, no desmatamento e em outras questões secundárias para tentar reanimar o ânimos em direção a um acordo guarda-chuva na conferência do próximo ano na África do Sul, ou no Rio de Janeiro em 2012.

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Oitenta e cinco dos 140 países que se associaram ao acordo de Copenhague prometeram reduzir emissões ou controlar seu crescimento até 2020. Isso ainda representa 5 bilhões de toneladas em emissões a mais do que a meta de reduzir o aquecimento global em 2ºC ainda neste século.

 

Se nenhuma das metas definidas em Copenhague for cumprida, as emissões vão alcançar 56 bilhões de toneladas, segundo o relatório, que Steiner considera um lembrete de como as decisões da COP-15 podem influenciar os países.

 

"A mensagem para Cancun é: Copenhague não determinou um acordo obrigatório legal, mas seu resultado inclui uma série de promessas que são significativas e potencialmente de longo alcance", acrescentou Steiner.

 

Joseph Alcamo, cientista da ONU, disse que os participantes de Cancun devem se basear nos compromissos de Copenhague e salientou a necessidade de regras para evitar "maiores emissões devido créditos de carbono brandas".

 

"Nós estimamos que os créditos de emissões podem aumentar o nível de carbono na atmosfera, em 2020, 1 a 2 bilhões de toneladas a mais do que ocorreria em situações normais de redução", afirmou.

 

O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon pediu que os países cumpram suas metas e colaborem nas negociações em Cancun. "Não há tempo a perder. Se conseguirmos superar a lacuna entre a ciência e os níveis possíveis de corte, poderemos ter a oportunidade de entrar em uma nova era de prosperidade e sustentabilidade com baixo carbono";

 

A tomada da Casa dos Representantes dos EUA pelos republicanos, muitos dos quais duvidam das fortes evidências científicas do aquecimento causado pelo homem,  pode prejudicar a ação dos Estados Unidos por, pelo menos, dois anos.

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Os negociadores de Cancun esperam que, pelo menos, seja definido um acordo sobre um "fundo verde" que os países desenvolvidos prometeram em Copenhague - $ 100 bilhões por ano até 2020 - para os países em desenvolvimento possam se adaptar às mudanças do clima por paredões de construção, deslocando padrões de produção e instalando fontes de energia limpa.

 

O mundo em desenvolvimento espera, também, por melhores condições de transferência de tecnologia patenteada verde das nações mais ricas. Em uma terceira área, os delegados pretendem fazer progressos sobre a questão complexa de compensar as nações mais pobres para proteger suas florestas, a chave para a capacidade do planeta de absorver dióxido de carbono.

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