Onda de calor faz Austrália criar mais cores para escala de temperatura

Seis dos dias 20 mais quentes já registrados no país ocorreram em 2013.

PUBLICIDADE

Por Matt McGrath
Atualização:

O Serviço de Meteorologia da Austrália foi obrigado a adicionar novas cores na escala de temperatura para indicar quando os termômetros ficam acima de 50ºC. Os meteorologistas adicionaram as cores roxo escuro e magenta para representar as temperaturas entre 51ºC e 54ºC. O país está enfrentando uma forte onda de calor, que piora ainda mais os incêndios em florestas da região sudeste, comuns durante o verão. Oito dos 20 dias de maior média de temperatura já registrada na Austrália ocorreram na primeira semana de 2013. E, apesar da chegada de uma frente fria, que trouxe um pouco de alívio, os meteorologistas preveem uma nova onda de calor para o fim de semana. Segundo pesquisadores, curiosamente, uma das causas imediatas dos problemas com o clima australiano foi a chuva. O fenômeno climático La Niña durou mais tempo nos dois últimos anos, e isso parece ter causado mais chuvas nas regiões sul e sudeste da Austrália. Árvores e outras plantas cresceram muito e rapidamente. O problema é que, quando a temperatura aumenta, esta vegetação se transforma em combustível para os incêndios. O segundo semestre de 2012 foi extremamente seco na região, com as temperaturas 0,11ºC acima da média diária. Esse cenário criou condições perfeitas para os grandes incêndios. Aquecimento global? Nessas circunstâncias, quando a interferência humana parece ser ineficaz, políticos rapidamente apontam para uma ideia vaga de aquecimento global. "Apesar de não citarmos a mudança climática (como causa para) qualquer evento, sabemos que, com o passar do tempo e como um resultado da mudança climática, vamos ter mais eventos e condições de clima extremos", afirmou a primeira-ministra australiana, Julia Gillard. Políticos australianos sugeriram que mais carbono será liberado pelos incêndios que estão consumindo as árvores neste começo de 2013 do que pelas usinas de carvão nas próximas décadas. Cientistas, porém, têm mantido o silêncio a respeito. Em um relatório publicado em 2012, especialistas australianos previram o aumento do risco de incêndio em algumas das áreas que agora sofrem com as chamas, incluindo a Tasmânia e o sul da Austrália. Mas o documento não identificou claramente a causa do problema. "Apesar de as tendências serem consistentes com os impactos previstos da mudança climática, este estudo não pode separar a influência da mudança climática, se houver alguma, da (influência) da variação natural", afirmou o relatório. E, apesar da suposição de que o aquecimento global esteja em uma espécie de pausa nas últimas duas décadas, novos dados dos Estados Unidos sugerem que 2012 foi o ano mais quente já registrado. No Brasil, os reservatórios de todo o país estão operando abaixo da capacidade devido à seca dos últimos meses e o consumo de energia elétrica aumentou com a onda de calor registrada no final do ano. Riscos ao corpo Cientistas afirmam que parte deste aumento de temperatura pode ter sido causado por atividades humanas. Mas, segundo o professor Roger Pielke Jr., da Universidade do Colorado, é perigoso afirmar que um evento - seja o clima nos Estados Unidos ou os incêndios na Austrália - consiste em prova clara de mudança climática induzida pela atividade humana. "Estas alegações simplesmente geram a reação que vemos entre os céticos sobre a desaceleração nas temperaturas globais em longos períodos de tempo", disse o professor à BBC. "O sistema climático é complexo o bastante para fornecer frutos para ambos os lados colherem", acrescentou. Ao mesmo tempo, o corpo humano também sente: com o aumento das temperaturas, aumentam os riscos de desidratação, exaustão e insolação, por exemplo. Pesquisas indicam que há perigos para a saúde quando a temperatura chega a 35ºC em ambiente de muita umidade. Aos 40ºC, mesmo em baixa umidade os perigos são altos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.