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No Brasil, chefe da diplomacia da UE debaterá sobre Mercosul, Amazônia e crise na Venezuela

Josep Borrell desembarcou no País nesta quarta-feira e terá agenda com membros do governo Bolsonaro 

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Por Redação
Atualização:

O alto representante da União Europeia (UE) para política externa, Josep Borrell, desembarcou nesta quarta-feira, 3, no Brasil com três grandes pautas na agenda: os obstáculos para o acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, a Amazônia e a crise na Venezuela.

O chefe da diplomacia europeia chegou na capital paulista em voo vindo do Peru, onde iniciou a primeira viagem à América Latina desde que assumiu o cargo.

Poucas horas após desembarcar por aqui, Borrell se reuniu a portas fechadas com membros das Eurocâmaras para analisar a situação econômica do Brasil, "parceiro estratégico" da UE desde 2007.

O chefe da diplomacia europeia chegou em São Paulo em voo vindo do Peru, onde iniciou a primeira viagem à América Latina desde que assumiu o cargo.Foto: EFE/Paolo Aguilar Foto:

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Fontes da comitiva disseram que o tema principal desse encontro com representantes de empresas privadas foi a importância da relação comercial do Brasil com a UE e o valor agregado que poderia ter, nesse sentido, o acordo entre UE e Mercosul.

A agenda política de Borrell no Brasil começará a ser desenvolvida nesta quinta-feira, 4, em Brasília, onde terá como primeiro compromisso uma reunião com o chanceler Carlos França.

Segundo fontes diplomáticas, um dos pontos de maior interesse nesse encontro será as negociações para destravar o processo de ratificação do acordo comercial entre UE e Mercosul, bloco cuja presidência semestral ficará a cargo do Brasil até o final deste ano.

O acordo foi anunciado em 2019, após duas décadas de negociações, e desde então está praticamente paralisado devido às dúvidas de vários países integrantes da União Europeia pelas políticas agressivas impostas pelo governo de Jair Bolsonaro para o desenvolvimento da Amazônia.

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Tais medidas, com o aumento do desmatamento e das queimadas na região, levaram França, Áustria, Holanda, Bélgica e Irlanda a repensar o apoio ao acordo comercial com o bloco que inclui também Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em fevereiro, as partes concordaram em negociar um anexo ao acordo que se refere exclusivamente ao reforço dos compromissos de proteção ambiental, mas ainda não chegaram a um consenso sobre a redação desse documento, e o impasse continua.

Conforme fontes diplomáticas, este texto ajudaria a "recuperar a confiança" especialmente noBrasil e nos compromissos assumidos em relação à preservação da floresta, que estão em xeque desde a chegada de Bolsonaro ao poder.

Situação da Venezuela

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Outra questão que Borrell irá discutir com as autoridades brasileiras será sobre os processos migratórios, que se acentuam na América Latina e, especialmente, na Venezuela, de onde se estima que, nos últimos anos, cerca de 6 milhões de cidadãos tenham fugido da crise econômica, social e política.

De acordo com dados oficiais, cerca de 300 mil venezuelanos migraram para o Brasil, que desde 2018 lançou a chamada Operação Acolhida, que oferece ajuda humanitária e facilita a imersão deles no país e o acesso ao mercado de trabalho.

Esse processo é apoiado pelas agências das Nações Unidas e pela própria UE, que o considera um "exemplo de solidariedade", como explicou o embaixador do bloco comunitário no Brasil, Ignacio Ybáñez, também espanhol, como Borrell.

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Para reforçar a preocupação comum com o fenômeno migratório e especialmente com a crise venezuelana, Borrell planeja se reunir nesta sexta-feira, 5, com cidadãos do país presidido por Nicolás Maduro que se estabeleceram em Brasília, para conhecer de perto sua situação.

Esta questão também será debatida em reunião que ele terá com o ministro da defesa, Walter Braga Netto, cuja pasta é uma das principais responsáveis pela Operação Acolhida.

Durante a estadia de dois dias em Brasília, o representante da UE também pretende participar de um evento organizado em conjunto com a delegação da ONU Mulheres, no qual serão discutidas políticas e ações de gênero para a "proteção das mulheres defensoras dos direitos humanos". / EFE

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