No Acre, Mourão diz que divulgação de queimadas no País está sendo superdimensionada

Vice-presidente prefere não comentar discurso de Bolsonaro na ONU, que falou que índios e caboclos são culpados por incêndios florestais na região amazônica

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Por João Renato Jácome
Atualização:

RIO BRANCO - O vice-presidente Hamilton Mourão, que cumpre agenda no Acre nesta quarta-feira, 23, disse que o País precisa regulamentar o quanto antes a exploração de minério em terras indígenas e que a divulgação das queimadas em território brasileiro, principalmente no Pantanal e na Amazônia, está sendo superdimensionada.

Segundo o Mourão, que também é presidente do Conselho da Amazônia, o governo Bolsonaro já enviou ao Congresso Nacional projeto de lei que regulamenta essa exploração, assim como outros governos anteriores fizeram. A pauta, contudo, não avançou como se esperava.

O vice-presidente Hamilton Mourãocomanda o Conselho da Amazônia. Foto: Dida Sampaio/Estadão

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“A nossa Constituição já prevê isso. Então, nós temos de tomar uma decisão. Praticamente todos os governos apresentaram projetos de lei. Nós apresentamos no começo desse ano a nossa proposta, e a visão do nosso governo é ouvir a comunidade sobre a lavra, que será concedida a uma empresa ou a uma cooperativa, que pagará os impostos devidos, pagará os royalties aos moradores da comunidade”, pontuou o vice-presidente.

Mourão visita o Acre um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que é também dos índios e caboclos a culpa dos incêndios florestais registrados na região amazônica. Questionado, o vice-presidente preferiu não entrar no mérito do discurso de Bolsonaro.

“O presidente Bolsonaro, em seu discurso, expressou a visão do governo federal. Não compete a mim prestar esclarecimentos sobre as palavras do presidente Bolsonaro, até porque eu sou o vice-presidente dele. O tempo todo nós temos colocado o seguinte: o problema existe e nós temos de combatê-lo, mas existe não na dimensão que se passa”, avaliou.

Mourão visita o Acre em meio ao aumento nos focos de queimadas na região. Entre 1º de janeiro e 21 de setembro deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou um aumento de 13% no número de queimadas em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2020 já eram 6,7 mil focos, ante os cinco mil no mesmo período de 2019.

O governo acreano tem intensificado o combate a crimes ambientais desde abril, quando o governador Gladson Cameli (Progressistas) criou o Comitê Integrado de Ações Ambientais, coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Um dos pilares do coletivo é a decisão acerca das operações que devem ser realizadas pelas forças locais de fiscalização.

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Cameli destacou que o investimento feito para a implantação do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), apresentado ao vice-presidente nesta quarta, mostra o empenho do governo estadual em defender as florestas, mas, principalmente, a preocupação com a população que sofre com as queimadas.

“A nossa preocupação aqui é com as pessoas, não apenas com a vida, mas também com a qualidade da vida delas. Além da pandemia da covid-19, ainda temos de nos preocupar com a fumaça, com as queimadas. Estamos fazendo tudo que podemos. Nosso governo não apoia as queimadas ilegais, não apoiamos nenhuma ilegalidade, nem a politicagem com essa situação”, afirmou Cameli.

As missões integradas de comando, controle e fiscalização começaram logo após a criação do Comitê local, ainda em maio, alcançando principalmente as florestas públicas do Antimary, Liberdade, Mogno, Gregório e Afluente, além do Parque Estadual do Chandless. As operações são lideradas pelo Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) da Polícia Militar (PM/AC), em conjunto com o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

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