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Negociações climáticas da ONU sofrem retrocesso em Bonn

Por NINA CHESTNEY
Atualização:

As negociações climáticas da ONU retrocederam ao invés de avançarem na direção de um novo tratado global sobre o tema, já que os países envolvidos relutam em aceitar reduções expressivas nas suas emissões de gases do efeito estufa, e continuam acrescentando propostas ao documento-base. Ao final de uma nova reunião técnica, nesta sexta-feira, em Bonn (Alemanha), era palpável a frustração dos delegados, que veem como cada vez mais improvável a conclusão do processo na conferência climática do fim do ano em Cancún (México). Até lá, só haverá mais uma reunião de trabalho, em outubro, na China. "Vim a Bonn esperançoso de um acordo em Cancún, mas a esta altura estou muito preocupado, pois vi alguns países recuando do progresso feito em Copenhague", disse Jonathan Pershing, sub-representante dos EUA na negociação. O texto-base da negociação, que chegou a ter 200 páginas antes de ser reduzido a 17, voltou a crescer para 34 páginas no último dia da reunião de Bonn. Alguns países recuaram de consensos alcançados na conferência do ano passado em Copenhague, e algumas propostas foram acrescentadas ou reinseridas. Uma das opções que voltaram ao texto foi a de que até 2050 o mundo se comprometa com uma redução de pelo menos 95 por cento das suas emissões de gases do efeito estufa, em relação aos níveis de 1990. "O texto é maior do que precisava ser para chegarmos a um acordo em Cancún," disse Pershing. "Ainda estamos tendo de captar os novos acréscimos ao texto", disse Dessima Williams, que preside a Aliança dos Pequenos Estados Insulares. Ela disse que nas discussões a portas fechadas não viu esclarecimentos dos países ricos a respeito das suas promessas de reduções de emissões. "Não podemos antever nenhuma grande mudança em relação ao que tínhamos em Copenhague, que era uma redução de 12 a 18 por cento, enquanto o IPCC (comissão científica da ONU) pedia 25 por cento. Estamos longe disso nas cifras agregadas", afirmou. Já Pershing disse que a discussão esteve excessivamente voltada para colocar o ônus das reduções apenas sobre os países ricos, e não sobre todas as nações. Divergências entre países ricos e pobres já haviam sido o principal fator responsável para que a conferência de Copenhague terminasse sem a adoção de um tratado juridicamente vinculante.

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