
06 de agosto de 2010 | 14h01
As conversações patrocinadas pelas Nações Unidas para um acordo internacional sobre a mudança climática andaram para trás em vez de avançar rumo a um tratado, porque os países fazem pouco progresso em seus compromissos para o corte de emissões de gases causadores do efeito estufa e acrescentam mais propostas ao documento de trabalho.
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No encerramento da rodada de negociações em Bonn, nesta sexta-feira, 6, muito trabalho ainda resta a ser feito nas reuniões previstas para Tianjin, na China, e Cancún, México.
"Vim a Bonn na esperança de um acordo em Cancún, mas neste momento estou muito preocupado e vi alguns países se afastando do progresso feito em Copenhague", disse o enviado adjunto dos EUA, Jonathan Pershing.
Um novo texto em discussão chegou a 34 páginas, de uma proposta original com 17, à medida que novas propostas são acrescentadas e propostas antigas, reinseridas.
O texto-base contém um conjunto de propostas de resolução para o debate final em Cancún, marcado para novembro, e inclui o impacto da agricultura nas emissões, mecanismos para o mercado de carbono e a mecânica e os impactos de uma transição para uma economia de baixas emissões.
Um dos principais negociadores da União Europeia (UE), Artur Runge-Metzger, acusou alguns países que acrescentarem pontos ao texto num esquema de troca de favores, e disse: "É importante que em Tianjin esse espírito mude".
A chefe das Nações Unidas para as negociações, Christiana Figueres, disse que o texto não pode crescer mais e que algum progresso foi feito. "Se você olhar para o quadro geral, temos progresso aqui em Bonn. É difícil preparar uma refeição sem uma panela, e os governos estão muito Amis próximos de criar a panela", disse ela.
A Rede de Ação Climática, uma coalizão de cerca de 500 organizações sem fins lucrativos, disse que os chefes de Estado precisam dar a seus representantes diretrizes mais claras para que possa haver progresso em Cancún.
O ritmo das negociações diminuiu, com alguns países reabrindo questões que já haviam sido pactuadas no acordo de Copenhague, como o monitoramento e a medição das emissões dos gases causadores do efeito estufa.
"A discussão da mitigação retrocedeu e ficou mais polarizada". disse Gordon Shepherd, da ONG WWF.
O mecanismo de redução de emissões do desflorestamento e da degradação, ou "Redd", também virou alvo de um novo debate, agora sobre sua definição.
O aspecto financeiro também se converteu em uma área de disputa. O acordo de Copenhague, fechado em dezembro, determinou a meta de longo prazo de levantar US$ 100 bilhões ao ano, até 2020, para combater os efeitos da mudança climática e a meta de curto prazo de US$ 10 bilhões ao ano até 2012.
A arquitetura do arranjo financeiro não está clara, e Pershing disse que alguns países estão pleiteando verbas "fora da realidade".
Outro revés para as conversações surgiu da falta de uma legislação específica nos Estados Unidos. O Senado dos EUA abandonou o esforço para incluir cortes de emissões numa lei do setor energético.
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