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Mudanças climáticas ameaçam 30 milhões em Bangladesh

Elevação do nível do mar pode inundar 20% do país, dizem especialistas.

Por Eric Brücher Camara
Atualização:

Alheios às discussões internacionais sobre mudanças climáticas, milhares de moradores de Bangladesh tornam-se refugiados ambientais todos os anos, e o aquecimento global pode elevar o número de pessoas afetadas por inundações, ciclones e tufões para 30 milhões, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O país de maior densidade populacional do mundo tem mais de 140 milhões de habitantes que vivem em uma área de 14,4 milhões de hectares, a grande maioria na pobreza. A situação geográfica do país favorece enchentes regulares, já que está pouco acima do nível do mar e abriga a foz de três grandes rios: o Ganges, o Brahmaputra e o Meghna. Em meio ao debate do aquecimento global, o governo bengalês já trabalha com a certeza de que as coisas vão piorar. As previsões do IPCC dão conta de que até 70% das terras mais baixas de Bangladesh podem simplesmente sumir do mapa com uma elevação do nível do mar de menos de um metro. "Para nós, não é uma questão de 'se', e sim, de 'quando' e 'quão severo'", disse à BBC Brasil o ministro do Meio Ambiente e da Agricultura de Bangladesh, Chowdhry S. Karim. Diante da ameaça, em 2005 o governo lançou um plano de adaptação às mudanças climáticas, que inclui ações de reflorestamento nas zonas costeiras, construção de abrigos para vítimas de enchentes e uma integração das mudanças climáticas no planejamento e execução de projetos de infra-estrutura do país. De acordo com o ministro bengalês, o governo atua principalmente em campanhas de conscientização da população. "A conscientização pública é o mais importante: temos que estar prontos para o que provavelmente vai acontecer", disse Karim. A questão, no entanto, é como um país que já enfrenta graves problemas de pobreza, com uma população que cresce rapidamente, pode se adaptar a mudanças radicais que podem reduzir em 20% o território do país. "Temos que ser proativos", respondeu Karim. Bangladesh lidera o grupo dos Países Menos Desenvolvidos (LDC, na sigla em inglês) nas discussões internacionais sobre mudanças climáticas e conta com forte atuação de dezenas de organizações não-governamentais (ONGs) e da Organização das Nações Unidas (ONU). O cientista bengalês Aminul Islam trabalha como consultor para Mudanças Climáticas do Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP, na sigla em inglês) e afirma que já foram investidos US$ 3 milhões em um projeto do governo bengalês para construir um anel florestal nas zonas costeiras mais ameaçadas pela elevação do nível do mar. "O mundo deveria estar mais atento ao caso de Bangladesh, porque se pudermos resolver os problemas daqui, poderemos resolver os problemas de qualquer outro lugar do mundo", disse Islam à BBC Brasil. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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