09 de junho de 2014 | 04h46
O surgimento de uma mancha de mineração escalando os pés do maior conjunto de montanhas do Estado de São Paulo preocupa ambientalistas. O empreendimento, localizado no município de Lavrinhas, no Vale do Paraíba, é um veio de exploração de bauxita, aberto a aproximadamente 1,2 mil metros de altitude no maciço da Serra Fina, que abriga o pico mais alto do Estado, conhecido como Pedra da Mina (2.798 metros).
Em fotos aéreas e imagens de satélite é possível ver claramente uma grande mancha de terra exposta, conectada por uma estrada a um paredão de rocha mais acima, com mais de 100 metros de largura, e com plantações de eucalipto ao redor.
Ambos os pontos estão dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra da Mantiqueira, da qual a Serra Fina faz parte, e praticamente encostados no perímetro da área proposta de tombamento da cordilheira, que está sob análise do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).
Ambientalistas temem que as imagens sejam o prelúdio de uma investida mais acentuada "montanha acima" da mineração na Serra Fina, motivada pela abertura de novas indústrias no Vale do Paraíba nos últimos anos - entre elas, várias montadoras de carros e uma filial da maior fabricante de vidros do mundo, em Guaratinguetá.
"Ficamos nos perguntando qual será o limite, onde essa exploração mineral vai parar", diz a geóloga Alexandra Andrade, coordenadora executiva do Instituto Oikos de Agroecologia, ONG que entrou com o pedido de tombamento da Serra da Mantiqueira no Condephaat, em outubro de 2011.
Uma consulta ao banco de dados Sigmine, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mostra a Serra Fina coberta quase que totalmente por quadrantes de processos minerários, incluindo desde requisições de pesquisa até concessões de lavra, ligadas principalmente à exploração de bauxita (matéria-prima do alumínio) e nefelina sienito (usado na fabricação de vidro).
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