Minc define medidas para aprofundar Operação Arco de Fogo

Ações em conjundo com a Polícia Federal devem aprofundar repressão ao desmatamento na Amazônia

PUBLICIDADE

Por Vannildo Mendes
Atualização:

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, define nesta quinta-feira, 5, em reunião com o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, um conjunto de medidas para aprofundar a repressão ao desmatamento na Amazônia, desencadeada em março, em caráter permanente, com a Operação Arco de Fogo. Com o fim das chuvas neste mês de junho, volta a trafegabilidade das estradas amazônicas e, com isso, a região entra no seu período mais propício à devastação.   Veja Também:  Especial sobre o Dia do Meio Ambiente   Acompanhe a trajetória do desmatamento na Amazônia; abril teve mais desmate  Leia a edição online da Revista da Amazônia   Fórum: é possível salvar a floresta amazônica?    A PF montou um cerco às madeireiras no período das chuvas e agora tem um plano, com ações por terra, água e ar, para estrangular os pontos de escoamento da madeira. "Nessa época, em que as motosseras entram em cena, precisamos de presença ostensiva para esmagar por completo a estrutura criminosa nas suas várias fases, desde a derrubada até o transporte e manufatura nas serrarias e carvoarias", disse Corrêa.   Como o próprio clima da região, os crimes ambientais na Amazônia são sazonais, segundo explicou o delegado. "Na seca, ocorre o corte e o transporte da madeira, enquanto que na estação das chuvas o trabalho se concentra nas serrarias". Na estação chuvosa, a PF concentrou sua ação nas madeireiras. Mais de 200 foram fiscalizadas e 80 fechadas.   Desde o início da operação, a PF mandou cerca de 300 homens para a região. Segundo o diretor, esse efetivo pode subir para 1 mil ou mais, dependendo do que for acertado com Minc. Na reunião, que começa às 11h, serão discutidas as várias idéias do novo ministro para conter o desmatamento, que deu sinais de recrudescimento em abril, conforme os últimos dados de monitoramento por satélite na região.   Entre essas idéias estão a do desmatamento zero, que Minc quer aproveitar do Pacto Nacional pela Valorização da Amazônia, formulado por ONGs ambientalistas e da apreensão de bois criados em áreas não permitidas.   Na fase chuvosa que termina, a PF centrou esforços também no combate à corrupção em órgãos públicos, como Ibama, Funai e secretarias estaduais de meio ambiente, que deveriam cuidar da proteção da floresta, mas acabam se aliando às quadrilhas de devastadores.   Desde a Arco de Fogo, que também levou à prisão de servidores, foram realizadas três operações específicas de combate à corrupção em órgãos públicos. Foram elas a Vorax, a Diamante Negro e a Termes. Nas quatro, foram presas 177 pessoas, mais de 40% dos 379 presos em todas as operações da PF este ano no País. Entre os presos na região, mais de 50 eram servidores públicos.   Só na operação Termes, foram presos 29 servidores, de um total de 69 detidos por envolvimento num esquema criminoso de liberação de cargas de madeira no Mato Grosso, estado campeão de desmatamento nos últimos anos. Entre os presos, há servidores do Ibama, de secretarias estaduais e até da Polícia Rodoviária Federal.   "Não haverá complacência com agente público corrupto", avisou Corrêa. "Vamos inibir na raiz os fatores que favorecem o crime ambiental nas esferas federal, estadual e municipal, será um aperto permanente", completou.   Apesar dos dados negativos apontados nos últimos dados de satélites, Corrêa acredita que as próximas medições mostrarão uma queda nos índices de desmatamento e nos crimes ambientais em geral na Amazônia. "Estamos dando o aperto no período certo. É matemático, tem que impactar", previu. "Já começamos o cerco às madeireiras e agora estenderemos às estradas e pontos de escoamento. Eles perceberão que o crime deixou de compensar. Porque cortar (madeira) se não consegue transportar, nem serrar?", indagou.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.