Mianmar terá que se abrir se quiser mais ajuda após ciclone

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Por PATRICK WORSNI
Atualização:

Nações ocidentais lideradas pelos Estados Unidos pediram a Mianmar que cumpra a promessa de admitir trabalhadores voluntários estrangeiros, dizendo que auditorias internacionais dos danos causados pelo ciclone Nargis são necessárias antes de mais ajuda. Em um gesto de boa vontade condicional ao país comandado por uma junta militar, Washington disse estar preparado para oferecer mais de 20,5 milhões de dólares em ajuda após o ciclone de 2 de maio que deixou 134 mil mortos ou desaparecidos e outros 2,4 milhões de desabrigados. "Mas para fazê-lo, o governo precisar permitir especialistas internacionais em assistência internacional a desastres para conduzir avaliações completas da situação", disse o enviado norte-americano Scot Marcial, em uma conferência sobre assistência na antiga capital. Três semanas após Nargis atingir o delta do Irrawaddy, as Nações Unidas afirmaram que três em cada quatro pessoas que mais precisam de ajuda ainda não receberam socorro e que a fome e doenças podem elevar o número de mortos se a situação não mudar. Enquanto isso, a junta afirma que a fase de socorro ao desastre já terminou. O primeiro-ministro Thein Sein agradeceu aos 500 delegados de 50 países pela ajuda dada até o momento. Ele disse que seriam bem-vindos desde que por "boa vontade genuína" e "desde que não haja condições ou politização envolvidas". A China e outros países asiáticos afirmaram na conferência ser importante manter assistência e política separadas ao lidar com os militares que administram o país nos últimos 46 anos. O desastre, um dos piores ciclones a atingir a Ásia, forçou os reclusos generais da ex-Birmânia a dialogar com os estrangeiros, mas os militares apenas conseguiram superar em parte sua desconfiança do exterior. O chefe da junta Than Shwe prometeu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante sua visita, que todos os voluntários estrangeiros seriam admitidos, mas há poucas chances de os navios da Marinha dos Estados Unidos e da França próximos ao delta conseguirem permissão para entrada. Thein Sein disse que apenas navios civis teriam permissão para navegar em Mianmar. Ban Ki-moon afirmou que as proibições eram "um sério obstáculo para a organização de operações de ajuda e assistência efetivas", mas acrescentou que o governo parecia estar se movendo em direção à "implementação desses acordos".

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