Mar de lama encobre operários e pousada em Brumadinho
Moradores tiveram de abandonar casas; sirene de alerta não tocou, segundo relatos
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Por Redação
Atualização:
SÃO PAULO E BELO HORIZONTE - As ruas de Brumadinho – a pequena cidade ao lado de Belo Horizonte, mais conhecida por abrigar o Instituto Inhotim – foram tomadas pelo desespero. Parte dos moradores teve de deixar suas casas por causa do avanço da lama, vinda do rompimento da barragem da Vale; outros corriam atrás de notícias sobre parentes e amigos desaparecidos, em meio a boatos de todos os tipos. Uma pousada foi destruída pela onda de lama, segundo os bombeiros. E relatos indicam que as sirenes de alerta da mina não funcionaram na hora do acidente.
Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
1 / 37Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
Tragédia em Minas Gerais
A Agência Nacional de Mineração (ANM) declarou que a mineradora Vale vistoriou, em dezembro de 2018, estrutura da barragem de Brumadinho sem ter apont... Foto: Washington Alves/ReutersMais
Moradores
É comum ver imagens de moradores de Brumadinho olhando para o horizonte em silêncio Foto: Mauro Pimentel/AFP
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiro recolhe gaiolas no meio do mar de lama da catástrofe de Brumadinho. Foto: Adriano Machado/Reuters
Animais
Equipes de resgate voluntáriastentaramsalvar a vaca que esta atolada na lama de rejeitos de ferro. O animal teve que ser sacrificado. Foto: Wilton Junior/Estadão
Dificuldade no resgate
Bombeiros têm dificuldade de acessar algumas áreas para fazer o resgate dos sobreviventes Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Uma barragem de rejeito se rompeu em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Lama destruiu estrada em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
A tragédia aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
As barragens pertencem à mineradora brasileira Vale. Foto: Washington Alves/Reuters
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiros tentam, sem sucesso, resgatar uma vaca atolada após rompimento de barragem. Foto: Adriano Machado/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da região, a estrutura que se rompeu foi construída em 1976. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
A prefeitura de Brumadinho pediu que a população mantenha distância do leito do Rio Paraopeba, que é um afluente do São Francisco. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que não ... Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas GeraisMais
Tragédia em Minas Gerais
Segundo a Vale, a área administrativa, onde estavam os funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Os bombeiros enviaram equipes com policiais civis e militares, além de enfermeiros e medicamentos. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Kombi foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Casa foi destruída e foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
O governo federal montou um gabinete de crise em Brumadinho. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
No município de Brumadinho vivem cerca de 40 mil pessoas. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O rompimento das barragens da Vale aconteceu na tarde de 25 de janeiro de 2019. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, sobre a tragédia em Brumadinho. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Presidente Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro observa destruição causada após rompimento de barragem da Vale em sobrevoo a Brumadinho Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Tragédia em Minas Gerais
Voluntários trazem doações para as vítimas da tragédia em Brumadinho. Foto: Paulo Fonseca/EFE
Tragédia em Minas Gerais
Bombeiros retomaram os trabalhos na manhã deste sábado, 26. Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Batalha pela Vida
Bombeiros voltam enlameados após resgate em uma das áreas atingidas pelorompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, em Minas Gerais. Foto: Wilto...Mais
Estrada
Moradores observam trabalho dos bombeiros em estrada bloqueada pela lama em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Carro atolado
Um carro ficou atolado e destruído no meio da lama após o rompimento de barragem em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Helicoptero
Um helicóptero sobrevoa a cidade de Brumadinho, buscando vítimas após o rompimento da barragem Foto: Wilton Junior/Estadão
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho após rompimento de barragem Foto: Washington Alves/Reuters
Corpo encontrado
Bombeiros carregam o corpo de uma das vítimas do rompimeto da barragem em Brumadinho até posto montado em frente da Igreja de Nossa Senhora das Dores Foto: Wilton Júnior/Estadão
Ponte
Ponte arrastada pela lama nas proximidades da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerta/EFE
Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão,de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
Equipe de resgate
Grupo de resgate caminha sobre a lama em busca de vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerda/EFE
Resgate aéreo
Equipe de resgate usa helicóptero para procurar vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
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“Foi tudo muito rápido. Momento de pânico, pessoas assustadas. Parecia cena de filme. Se pudesse já teria ido embora daqui. Isso vai ser um inferno”, disse Maria Aparecida dos Santos, emocionada. “Há poucos meses, técnicos estiveram aqui na cidade para passar instruções da sirene. Falaram que, em caso de emergência, iria tocar. Mas não foi bem assim.” Presidente da Vale, Fabio Schvartsman disse à imprensa no Rio que não sabia “se sirene funcionou”.
No centro da cidade, a mineradora montou um gabinete de crise, que tinha filas por informações. “Estamos agoniados”, contou a dona de casa Márcia Oliveira, que esperava nesta sexta à tarde informações sobre o irmão e sobrinhos. “Disseram pra gente vir para cá, mas não falam nada.” Equipes recolhiam nomes de desaparecidos.
Segundo o governo de Minas, haviam sido confirmados até esta sexta à noite 7 mortos e 150 desaparecidos. Outros 100 teriam sido resgatados com vida. Os dados da Vale são diferentes: das 300 pessoas trabalhando no local, cerca de 100 foram localizadas – a empresa não fala em desaparecidos. Boa parte desses trabalhadores estava no refeitório.
O município ficou inteiramente mobilizado. Gerilda Dalabrida, de 60 anos, cedeu espaço do seu restaurante para desabrigados. “A cidade está um pandemônio”, disse. “Estamos seguros porque não estamos perto do rio.” A lama não chegou ao centro – a área mais atingida foi o povoado da Vila Ferteco.
Segundo o tenente Pedro Aihara, dos Bombeiros, uma pousada com 38 pessoas – entre hóspedes e funcionários – desapareceu sob a lama. “A área da pousada, que costumava receber muitos hóspedes, incluindo famosos, foi varrida pela força dos rejeitos.” Nesta sexta, a família não sabia o paradeiro doe Márcio Mascarenhas, dono do local. “Estamos em busca de informações do meu tio, mas ainda não há pistas. Um pesadelo”, disse o sobrinho Plínio.
Nas redes sociais, se espalhavam publicações sobre desaparecidos – principalmente os cerca de 300 funcionários, que estavam na mina e no refeitório da Vale na hora da tragédia. Em Brumadinho, havia relatos de dificuldade de comunicação. “Estamos aflitas. Escuto o rádio e não sabemos da minha irmã”, disse ao Estado nesta sexta à noite a jovem Pâmela Silva.
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A prefeitura pediu aos moradores que evitassem o leito do Paraopeba, rio que passa pela região e ameaçado pelo fluxo de lama. Até o início da noite desta sexta, os Bombeiros não confirmavam que os rejeitos tivessem atingido o curso de água.
A seis km do local, o campo de futebol de uma faculdade foi usado por helicópteros dos Bombeiros e da polícia. Em um galpão ao lado, foi montada estrutura para atendimento médico de emergência. “No local (do acidente) teremos só uma estrutura emergencial, já que lá falta água, energia e o acesso é complicado”, diz o major Santiago, da PM.
Imagens da TV mostraram resgatados com vida, cobertos de lama. Cinco feridos foram para o Hospital João XXIII, unidade de referência da capital e mais oito hospitais da Grande BH foram acionadas em caráter de emergência. Na quadra onde estavam as famílias será montado um abrigo temporário.
Na cidade vizinha, Mário Campos, PMs orientaram moradores de três bairros a deixarem suas casas, pela proximidade com o Paraopeba. Ao menos outros quatro municípios – Juatuba, Betim, Pará de Minas e São Joaquim de Bicas – estão em alerta. A Companhia de Saneamento de Minas (Copasa) assegurou que o abastecimento de água na Grande BH./ JÚLIA MARQUES, LUAN SANTOS e MARCELO FARIA, ESPECIAIS PARA O ESTADO