BRASÍLIA - Há menos de um mês no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o ministro Mangabeira Unger demitiu nesta semana dois dos principais responsáveis pelos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas na economia brasileira. O levantamento, que deve ser entregue em abril, serve de base para as propostas que o País fará para o acordo sobre o clima a ser acertado na Conferência das Partes (COP-21), marcada para Paris, em dezembro deste ano.
Mangabeira dispensou os serviços do então secretário de Desenvolvimento Sustentável, Sérgio Margulis, e da diretora de programa Natalie Unterstell. As demissões foram reveladas pelo site Observatório do Clima, e confirmadas ao Estado pela SAE.
De acordo com a assessoria da Secretaria, as mudanças ocorreram porque fazem parte do "do processo normal de definição de seus colaboradores imediatos pelo novo ministro e não indica qualquer esmorecimento no compromisso da SAE com as políticas de sustentabilidade que sempre ocuparam e continuarão ocupando papel relevante na atuação da pasta".
No entanto, a alteração terá impacto direto na preparação do Brasil para a COP-21, a conferência internacional do clima.A SAE informou que os cargos permanecem ainda sem substitutos indicados.
Até a reunião de dezembro, todos os países devem apresentar às Nações Unidas seus planos para enfrentamento das mudanças climáticas, com metas de redução de emissões e medidas de adaptação. O processo está sendo coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, mas o estudo servirá de subsídios para o plano.
Este não é a primeira vez que Mangabeira Unger é pivô de polêmicas na área ambiental. A ação do ministro, que ocupou o mesmo cargo no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, foi a gota d'água para o pedido de demissão de Marina Silva, então ministra do Meio Ambiente. Mangabeira manobrou para levar a coordenação do Plano Amazônia Sustentável para a SAE, tirando do Meio Ambiente, com aval de Lula, o programa que era uma das meninas dos olhos de Marina.