Maior autoridade da ONU para clima alerta sobre risco de omissão

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Por RICHARD WADDINGTON
Atualização:

A principal autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) para as questões climáticas avisou cientistas e autoridades de cerca de 130 países que não combater o aquecimento da Terra enquanto houver tempo seria uma atitude "criminosamente irresponsável". Em declarações feitas diante do painel da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima, Yvo de Boer, chefe da Convenção-Quadro para as Mudanças Climáticas, disse que a mensagem dirigida aos líderes mundiais era clara. De Boer dividiu neste ano, com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, o Prêmio Nobel da Paz. "Ignorar a urgência dessa mensagem e não agir a respeito disso seriam atitudes criminosamente irresponsáveis", afirmou. Cientistas e representantes de governo presentes no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), integrado por 130 países, participam atualmente de um encontro em Valência que deve durar até 17 de novembro. O objetivo deles é reunir os dados constantes de três relatórios divulgados neste ano sobre as causas, as consequências das e sobre os remédios disponíveis para enfrentar as mudanças climáticas. Dessa forma, eles pretendem elaborar um pequeno sumário capaz de ser usado por líderes de governo para tomarem suas decisões. Um projeto divulgado antes da conferência responsabiliza as atividades humanas pela elevação das temperaturas e diz ser necessário diminuir a emissão de gases do efeito estufa a fim de evitar a intensificação de fenômenos climáticos tais como as ondas de calor, o derretimento das geleiras e a elevação do nível dos mares. Os gases do efeito estufa são produzidos principalmente durante a queima de combustíveis fósseis. E o aquecimento global, cujos efeitos são negativos, já começou. "O aquecimento do sistema climático é algo inegável, conforme mostram observações sobre o aumento das temperaturas médias do ar e dos oceanos no mundo todo, o derretimento generalizado da neve e do gelo e a elevação do nível médio dos mares", afirma. As comunidades mais pobres do mundo, que vivem na África e na Ásia, seriam as mais atingidas pelas mudanças climáticas, acrescenta o projeto do documento. O encontro na Espanha é tão importante que uma conferência de ministros do Meio Ambiente, agora marcada para começar em Bali, na Indonésia, no dia 10 de dezembro, foi adiada por dez dias a fim de dar ao painel do clima tempo para concluir seu trabalho. Em Bali, os ministros tentarão aprovar um cronograma de dois anos para elaborar um sucessor do Protocolo de Kyoto, o principal plano da ONU no combate ao aquecimento e que deixa de vigorar em 2012. O Protocolo obriga 36 países industrializados a diminuírem, até 2008-2012, suas emissões de gases do efeito estufa para ao menos 5 por cento abaixo do nível registrado em 1990.

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