Lentidão em acordo do clima não é culpa da ONU, diz Ban Ki-moon

Para secretário-geral da ONU, demora é culpa dos políticos

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Por Afra Balazina
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 O secretário-geral da ONU, o coreano Ban Ki-moon, afirmou ontem na 17ª Conferência do Clima em Durban que a demora para tomar decisões contra as mudanças climáticas não é culpa do processo das Nações Unidas, mas dos políticos. "Eu posso compartilhar sua frustração por esse processo levar tanto tempo. Mas não é por causa do sistema das Nações Unidas ou algum problema no processo. Depende dos Estados membros e das vontades políticas, por isso eu instigo os líderes a mostrarem sua liderança política", disse. Segundo ele, não há um único país que não tenha problemas domésticos, políticos ou econômicos. E o mundo está entrando em austeridade fiscal. "Mas temos de olhar além das nossas fronteiras. Essa é minha mensagem constante." De acordo com ele, os líderes nacionais têm de "ter a visão de que esse é um problema global e que precisa de uma solução global, uma solidariedade global". Ele citou enchentes no Paquistão. As decisões nas negociações de clima da ONU ocorrem por consenso, e é difícil encontrar um meio termo que agrade a todos os quase 200 representantes de países que participam do processo. Ban Ki-moon afirmou que espera que os negociadores façam progresso na operacionalização do Fundo Verde Climático e em definir um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, já que o primeiro se encerra em dezembro de 2012. E disse que, embora talvez não seja possível sair em Durban um acordo global, "não podemos desistir de um acordo com força de lei que seja efetivo e justo para todos os participantes". "Ter um tratado legalmente vinculante tem de ser nossa prioridade." E deu um recado aos países com grandes emissões de gases-estufa. Segundo ele, "pode levar mais tempo para um acordo legalmente vinculante", mas os países não podem esperar até isso se concretizar para agir. "Não podemos esperar. Vamos fazer o que pudermos domesticamente", afirmou. Acordo futuro. A maioria dos países em Durban tem declarado que aceita um acordo para o pós-2020 que tenha força de lei, mas muitos colocam condições para isso. De acordo com o chefe da delegação chinesa, Xie Zhenghua, a China tem cinco condições. Entre elas estão a continuidade do Protocolo de Kyoto, a aprovação do Fundo Verde para o Clima e a manutenção das chamadas responsabilidades comuns, mas diferenciadas (pela qual aqueles que emitiram mais no passado têm maior responsabilidade). A Europa concorda em avançar numa segunda fase de Kyoto se ficar definido um processo e um cronograma para um acordo que seja legalmente vinculante para o pós-2020. Artur Runge-Metzger, da União Europeia, tem esperanças de que será possível Alcançar o objetivo. "Temos bons argumentos para convencer os países." Mas os EUA, por sua vez, não concordam com as condições colocadas pela China e dizem que os chineses não estão prontos para entrar num acordo com valor de lei. Apesar de todas as dificuldades nas negociações, o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo Machado disse ontem que via "uma luz no fim do túnel".

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