BOA VISTA - Oito filhotes de uma jiboia rara brasileira que foi pirateada do Brasil para os Estados Unidos em 2009, pela fronteira de Roraima com a Guiana, terão de ser devolvidos ao País. A decisão que determina o repatriamento dos animais foi proferida pelo juiz Bruno Anderson Santos da Silva, da 2ª Vara da Justiça Federal de Roraima, em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF).
A cobra, de pele branca e olhos negros, resultado de uma mutação genética chamada leucismo, foi a primeira a registrar esse padrão no mundo. Essa jiboia não foi localizada, mas seus filhotes foram apreendidos e estão em um zoológico de Salt Lake City, aguardando o repatriamento.
O procurador Paulo Taek, que atua no caso, explicou que em 2006 a jiboia-constritora foi encontrada por um bombeiro na mata do Rio de Janeiro e levada para a Fundação Jardim Zoológico de Niterói, que era administrado por Giselda Candiotto. Giselda e o marido, José Carlos Schirmer, venderam o animal para o americano Jeremy Stone, por um milhão de dólares.
O americano teve apoio da sua irmã Keri Ann Stone na operação que retirou a cobra do Brasil. Aqui, os quatro envolvidos no tráfico da jiboia são processados por crimes contra a fauna e o meio ambiente, furto, contrabando e fraude processual. Os irmãos Stone também respondem nos EUA pelo crime de importação ilegal. O MPF estuda pedir a extradição dos dois.
A biopirataria é um crime comum no Brasil, principalmente na Amazônia, pela fragilidade das fronteiras e pela exuberância da fauna e da flora. "Os animais e as plantas são levados sem autorização da autoridade pública e este caso demonstrou que se consegue ir em busca desse patrimônio genético brasileiro,mesmo no estrangeiro", observa o procurador Taek. Ainda não há prazo para repatriamento das jiboias. A operação deverá ser realizada pelo Ibama.