20 de outubro de 2010 | 21h36
José Goldemberg é o vencedor do Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy, instituído pela Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e pela empresa italiana illycaffè. O físico, pesquisador e professor da Universidade de São Paulo (USP), recebeu o prêmio nesta terça-feira em Hyderabad (Índia), entregue em mãos pelo primeiro-ministro indiano Manmohan Singh.
Goldemberg, cujas pesquisas contribuiu decisivamente para o programa brasileiro de biocombustíveis, recebe US$ 100 mil em reconhecimento às pesquisas em energia renovável que realiza.
“Esse prêmio concede uma satisfação muito grande. É um reconhecimento sério, que vem de cientistas que partilham e identificam o real valor da pesquisa, sem qualquer interesse político”, afirma Goldemberg, atual presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) e reconhecido especialista em energia.
O pesquisador já foi secretário do Meio Ambiente do governo federal em 1992 e do governo estadual de São Paulo de 2002 a 2006, além de ter ocupado o ministério da Educação e a secretaria federal de Ciência e Tecnologia nos anos 90
O primeiro resultado da pesquisa de Goldemberg com energia renovável foi publicado em 1978 na revista Science, em artigo que demonstrou que os biocombustíveis derivados da cana-de-açúcar poderiam reduzir o uso de combustíveis fósseis no Brasil.
“Na época”, lembra Goldemberg, “os esforços para desenvolver biocombustíveis no Brasil foi, em grande parte, justificada pela segurança energética. Nossa pesquisa demonstrou que a produção de biocombustíveis não somente reduziria o uso e a dependência do combustível fóssil, como também ajudaria a reduzir a poluição do ar e as emissões de gases do efeito estufa”.
As descobertas inferidas na pesquisa reforçaram o então corrente Pró-Álcool, programa do governo federal instituído em 1975, como alternativa para a substituição dos derivados de petróleo.
Hoje, o Brasil é reconhecido internacionalmente como o país do etanol da cana-de-açúcar. 50% da energia consumida no país vem de fontes renováveis, entre as quais o etanol representa 16%. Nos últimos 30 anos, o estado de São Paulo reduziu a participação do petróleo na matriz energética estadual de 60% para 33%.
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