01 de março de 2011 | 18h10
Após uma viagem de dez dias para buscar apoio internacional que os levou a Oslo, Genebra e Paris, estes representantes indígenas denunciaram nesta terça-feira na capital britânica as consequências "catastróficas" da construção de represas hidrelétricas na Bacia do Amazonas.
As denúncias se referem às centrais hidrelétricas de Rio Madeira e Belo Monte, no Brasil, e de Paquitzapango, no Peru.
Como principal financiador, o governo brasileiro planeja a construção de mais de 60 represas na região amazônica do Brasil e assinou um acordo de seis projetos de construção de centrais hidrelétricas na Amazônia peruana, como a de Paquitzapango.
Em um encontro com a imprensa, Ruth Buendía Mestoquiari, líder da comunidade indígena Ashaninka do Peru, afirmou que a represa projetada pela hidrelétrica Paquitzapango ocasionaria "inundações e deslocamentos de pessoas".
Por sua vez, Simon Counsell, diretor-executivo da Fundação Rainforest, ressaltou que esse projeto na Amazônia peruana "ameaça provocar inundações", e "não está claro" para onde muitas essas comunidades iriam.
Segundo ele, a "grande decepção" dos indígenas foi com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos principais patrocinadores do projeto.
A entidade, que os líderes acusam de ser uma das principais impulsoras da destruição do Amazonas, "negou-se a se reunir com os líderes indígenas para falar abertamente sobre esses temas", disse Counsell.
Sheyla Yakarepi Juruna, representante de uma tribo do Pará, onde está prevista a construção da represa de Belo Monte, denunciou que não há "garantias que assegurem a proteção dos direitos humanos das tribos".
Ela acusou o Governo brasileiro de levar em conta "apenas os interesses financeiros" e ignorar "os direitos dos indígenas".
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