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Grupo planeja corredor verde às margens do Rio Araguaia

Trabalho deve levar 20 anos e inclui o plantio de 1,7 bilhão de árvores; área marca transição entre o Cerrado e Amazônia

Por Eduardo Geraque
Atualização:

O déficit ambiental nos 2,6 mil quilômetros de extensão do Rio Araguaia é de 1 milhão de hectares. O cálculo, feito por uma equipe de cientistas brasileiros e estrangeiros, leva em consideração o Código Florestal. Se todas as reservas legais e áreas de preservação permanente estivessem dentro da lei, os serviços ecossistêmicos da floresta, que engloba a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos, estariam funcionando a pleno vapor.

Como não é isso que ocorre, um grupo de ambientalistas e pesquisadores resolveu se juntar na associação sem fins lucrativos Black Jaguar e, em um prazo de 20 anos, zerar o déficit florestal às margens do Araguaia. A restauração de uma faixa de 20 km de cada lado do rio significa fazer o plantio de 1,7 bilhão de árvores nativas. Doze municípios, espalhados pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Tocantins e Maranhão estarão envolvidos. O número de propriedades rurais com déficit ambiental, segundo o mapeamento de anos feito pelo grupo, é de 13.148.

Um grupo de ambientalistas e pesquisadores resolveu se juntar na associação sem fins lucrativos Black Jaguar e, em um prazo de 20 anos, zerar o déficit florestal às margens do Araguaia Foto: BLACK JAGUAR

“Nosso objetivo é fazer toda a restauração com o envolvimento dos proprietários e gerando impactos sociais e ambientais positivos”, afirma Ben Valks, empreendedor social holandês e fundador da organização multinacional que está por trás do projeto. O nome Black Jaguar, inclusive, tem a ver com a experiência pessoal do empresário que rendeu até um livro. “Viajei ao Brasil no passado com o objetivo de observar o jaguar (também conhecido como onça-preta no Brasil) em seu ambiente natural”, explica Valks. Mas quando cheguei aqui percebi que seria difícil. Entre outros motivos, por causa da destruição ambiental das florestas.”

Doze municípios, espalhados pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Tocantins e Maranhão estarão envolvidos Foto: BLACK JAGUAR

A restauração começa ganhar fôlego neste ano, mas os trabalhos de fato tinham começado antes, em 2019. Até março de 2021 haviam sido plantadas 120 mil árvores. Agora em 2022, segundo Carol Sacramento, coordenadora de Desenvolvimento da Black Jaguar no Brasil, será batida a meta do primeiro milhão de árvores.

Compromisso

O local escolhido para refazer o Corredor do Araguaia é o município de Santana do Araguaia, região com grande déficit ambiental, na casa dos 10 mil hectares. A área também é um ecótono, onde ocorre a transição entre a Amazônia e o Cerrado, abrigando grande biodiversidade nativa.

A restauração começa ganhar fôlego neste ano, mas os trabalhos de fato tinham começado antes, em 2019. Até março de 2021 haviam sido plantadas 120 mil árvores Foto: BLACK JAGUAR

Após o plantio, existe um período de manutenção da área, que dura até três anos. E depois, mais duas décadas de monitoramento. “Os proprietários assumem o compromisso de que não haverá desmatamento”, afirma Carol. Pelas leis nacionais, na Amazônia a preservação precisa atingir 80% da propriedade. No Cerrado, o porcentual cai para 20%.

Projetos de restauração são importantes tanto para a volta da biodiversidade quanto para a manutenção dos recursos hídricos, além de ajudar a mitigar as mudanças climáticas. “O custo total é US$ 2,2 bilhões. Mas os benefícios estimados para o planeta são de US$ 17,1 bilhões”, afirma Valks, que tem esperanças de que, com o trabalho, a onça-preta possa ser vista com mais facilidade em seu ambiente natural.

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