Governo proíbe derrubada de mata em 36 cidades da Amazônia

O embargo de propriedades em que ocorreram desmatamentos ilegais será obrigatório, anuncia secretário

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Por Leonencio Nossa e Neri Vitor Eich
Atualização:

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, anunciou, em entrevista no Palácio do Planalto, ao lado da ministra Marina Silva, que nos 36 municípios da Amazônia com maiores índices de desmatamento estão proibidas emissões de novas autorizações de derrubada da mata, e que o embargo de propriedades em que ocorreram desmatamentos ilegais será obrigatório.    Vídeo: Agricultura e pecuária não são causas  Marina: bancos não financiarão ação com desmatamento PF reforça efetivo na Amazônia com mais 800 agentes CPI do Desmatamento será prioridade na Câmara dos Deputados Taxa mensal de desmatamento na Amazônia disparou em 2007 Lula convoca reunião de emergência sobre Amazônia Acompanhe a evolução do desmatamento  Ainda há tempo para salvar a Amazônia?   Segundo o secretário, nos últimos três anos, houve redução de 59% no desmatamento.   Apesar do desmatamento "nunca visto" registrado em novembro e dezembro do ano passado, ele assegurou que "não está havendo aumento de desmatamento na Amazônia, isso não aconteceu".    Ele assegurou que o desmatamento recorde de novembro e dezembro é "localizado" e que o sistema de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) permite o acompanhamento em tempo real justamente para verificar esses episódios e "impedir que tendências isoladas permaneçam".   Segundo Capobianco, "não há como afirmar que as medidas (adotadas pelo governo) não dão resultado", pois houve redução do desmatamento em três anos consecutivos.    "No ano passado, foi o melhor índice de desmatamento desde 1991, quando tínhamos muito menos população na Amazônia, e a capacidade de integração era muito menor. O desafio é que nós possamos, em 31 de julho de 2008, comemorar o 4º ano de redução. Isso exigirá um esforço redobrado." A ministra Marina Silva, afirmou, por sua vez, que o combate ao desmatamento na Amazônia será feito "em conjunto com os governadores" mas acrescentou que, independentemente deles, o governo federal estará agindo nesse sentido.   Ela disse que a Polícia Federal "já está mobilizada" nessa ação e negou que "as pessoas estejam paradas vendo o desmatamento aumentar, tanto que hoje tivemos reunião de ministros com o presidente da República para adotar ações relativas ao que está havendo."   Municípios atingidos   Os municípios responsáveis por 50% do desmatamento da Amazônia, e que serão atingidos pelas novas restrições, são:   MATO GROSSO   Alta Floresta Aripuanã Brasnorte Colniza Confresa Cotriguaçu Gaúcha do Norte Juara Juína Marcelândia Nova Bandeirantes Nova Maringá Nova Ubiratã Paranaíta Peixoto Azevedo Porto dos Gaúchos Querência Vila Rica PARÁ   Altamira Brasil Novo Cumaru do Norte Dom Eliseu Novo Progresso Novo Repartimento Paragominas Rondon do Pará Santa Maria das Barreiras Santana do Araguaia São Félix de Araguaia São Félix do Xingu Ulianópolis   AMAZONAS   Lábrea   RONDÔNIA Machadinho d’Oeste Nova Mamoré Pimenta Bueno Porto Velho   Medidas   As principais medidas anunciadas após a reunião ministerial de emergência sobre desmatamento, realizada na tarde desta quinta-feira, 24, são:    Controle da agropecuária    Bloqueio do financiamento para atividades que gerem desmatamento (Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Bndes).     Priorização pela Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Exército das ações de combate e ao desmatamento.    Monitoramento imediato e mensal das áreas embargadas nos municípios críticos, por meio de sobrevôos pelas aeronaves do Sistema de proteção da Amazônia (Sensipam).    Recadastramento, pelo Incra, das propriedades rurais nos municípios críticos.

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