Governo do Tocantins decide retirar apoio a projeto de safári

Estado disse que, diante da rejeição apresentada pela sociedade, não vê viabilidade de sua implementação

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Por Giovana Girardi
Atualização:

O governo do Tocantins informou, em nota, a retirada do apoio ao projeto de criação de um safári tipicamente africano no meio do Estado. A proposta, revelada pelo Estado no domingo, prevê a criação de uma reserva de 100 mil hectares para abrigar mais de 400 animais de 17 espécies, em um investimento de R$ 350 milhões.De acordo com o projeto, predadores e presas, como leões, leopardos, rinocerontes, elefantes, girafas e hienas, viverão em uma área cercada, porém sem interferência humana - nem mesmo alimentação -, próxima ao Jalapão, em Lizarda. Um vídeo de apresentação da proposta, apelidada de Out of Africa Brasil (Ooab), estava circulando havia dias na internet, mas muita gente achou que era piada. A Naturatins, órgão ambiental do Estado, no entanto, estava elaborando um termo de referência para nortear os estudos ambientais. Tanto o Ibama do Tocantins como o de Brasília estavam sendo consultados. Após a reportagem, que acabou suscitando outras, um abaixo-assinado com mais de 1,8 mil assinaturas contra o safári elaborado pela Associação Tocantinense de Biólogos (Atobio) e manifestações contrárias em redes sociais, o governo voltou atrás. "Todo e qualquer empreendimento privado tem regras e regulamentação até mesmo prévias à discussão da sua implementação. Apenas pela rejeição provocada nos meios ambientas federais e pela própria sociedade, o governo não vê viabilidade na implementação do referido projeto como ele foi aventado", disse o governo, em nota divulgada anteontem. A nota continua: "Tendo em vista a participação de empreendedores internacionais, o governo espera que os mesmos mantenham sua disposição de investir no Tocantins, desde que em projetos viáveis e em consonância com a sustentabilidade e respeito ao meio ambiente".DenúnciaNa terça-feira, a Atobio fez uma denúncia ao Ministério Público Federal, pedindo o acompanhamento do caso. O procurador Álvaro Manzano deu início à investigação. "Entramos com a ação por acharmos que a proposta, da forma como foi apresentada, é 100% inviável", afirma Meriele Cristina Costa Rodrigues, diretora executiva da Atobio."Tanto por ir contra a legislação - não se pode importar macrofauna desse modo, a não ser para pôr em zoológico -, quanto pelo prejuízo que pode causar à fauna nativa", diz. Além disso, explica a bióloga, apesar de o Cerrado e a Savana serem parecidos - fato que foi usado como justificativa pelo empreendimento -, as vegetações têm muitas diferenças. Não é à toa que não existem na região grandes herbívoros como há na África. "Uma girafa, por exemplo, não teria como viver aqui. As árvores que temos são de médio e pequeno porte e lá elas se alimentam das folhas de árvores que estão na sua altura."Procurado, o médico Nicolau Esteves, ex-secretário de Saúde do Tocantins e idealizador do projeto, disse que não se manifestaria sobre a nota do governo.

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