Glaciares tibetanos podem desaparecer antes de 2040

Com 20% da população mundial, a China é considerada um dos países mais vulneráveis ao aquecimento global

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Por Cláudia Trevisan
Atualização:

Conhecido como o “teto do mundo” por sua altitude média de 4.000 metros, o platô tibetano é uma das áreas mais vulneráveis da China ao aquecimento global. A elevação da temperatura do planeta tem provocado o alarmante derretimento de geleiras onde nascem alguns dos mais importantes rios da Ásia, às margens dos quais vivem quase 1 bilhão de pessoas.

 

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Cientistas acreditam que os glaciares da região poderão quase desaparecer antes de 2040, o que terá efeitos devatadores não só na China, mas também em países vizinhos como Índia, Paquistão e Vitenã. No período de 1961 a 2008, a temperatura média do platô tibetano subiu 0,32ºC a cada dez anos, velocidade seis vezes superior à registrada nas demais regiões da China.

 

Em um primeiro momento, o derretimento das geleiras vai provocar inundações e a elevação do nível dos rios, com impacto sobre as populações que vivem às suas margens e os ecossistemas da região. No futuro, a perspectiva é de secas severas e redução do fluxo de água. Pelo menos seis rios fundamentais para a população da Ásia nascem no Tibete: Yangtzé e Amarelo (China), Mekong (Vietnã), Indus (Paquistão), Brahmaputra (Bangladesh e Índia) e Ganges (Índia).

 

Com 20% da população mundial, a China é considerada um dos países mais vulneráveis ao aquecimento global, em razão da diversidade de seu clima e da existência de vários ecossistemas frágeis. Os chineses já enfrentam o agravamento de condições climáticas extremas, com a elevação da intensidade de tufões, nevascas, inundações e secas. Apesar de estar prestes a assumir o segundo lugar entre as maiores economias do mundo, a China ainda é um país majoritariamente rural, com 55% de sua população vivendo no campo. São 720 milhões de pessoas que dependem da terra e do clima para sobreviver e que estarão particularmente expostas aos efeitos do aquecimento global.

 

A próspera costa leste, que concentra 70% das grandes cidades do país, é ameaçada pela elevação do nível dos oceanos. Maior cidade chinesa, Xangai sofrerá impacto direto da inundação de parte de seu território pelas águas do mar. No sul, o Delta do Rio das Pérolas, onde está grande parte da indústria exportadora do país, pode perder 1.153 km quadrados de área até 2050, caso se comprove a previsão de que o nível do mar na região subirá 30 centímetros.

 

Além de reunir as cidades mais ricas do país, os 18 mil km de costa chinesa possuem alguns dos mais importantes e movimentados portos do mundo, que terã que se adaptar à elevação dos oceanos. Em 2006, a China ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a nada invejável posição de maior emissor de gases que provocam efeito estufa. Confrontados com a pressão internacional e um crescente número de protestos dentro do país relacionados à poluição, as autoridades de Pequim colocaram a questão ambiental entre suas prioridades.

 

Mas as ações para reduzir as emissões são limitadas pela alta presença na matriz energética do carvão, de longe o mais poluente entre os combustíveis fósseis. Cerca de 70% da energia chinesa é gerada por meio da queima do carvão, comparada a uma média de 30% no restante do mundo.

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