Espírito Santo já vive apreensão por óleo e treina limpeza nas praias

Nos últimos dias, técnicos e militares já foram treinados e estão de sobreaviso; comerciantes e donos de pousadas estão apreensivos com eventual chegada do poluente

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Por Vinicius Rangel
Atualização:

VITÓRIA - Enquanto o óleo avança pelo litoral baiano, o Espírito Santo se mobiliza para enfrentar a possível chegada do poluente às praias capixabas. Nos últimos dias, técnicos e militares já foram treinados e estão de sobreaviso. Já comerciantes e donos de pousadas estão apreensivos com o efeito negativo de uma eventual chegada do poluente à região. Segundo o Ibama, já houve registro de óleo em 353 pontos do Nordeste desde o fim de agosto.

Caso o óleo chegue ao Sudeste, a projeção é de que Riacho Doce, no município de Conceição da Barra, seja a primeira área costeira afetada no Estado. Superintendente do Ibama no Espírito Santo, Diego Libardi Leal disse que, caso isso aconteça, será necessário isolar o local, que poderá ficar impróprio para banho até que toda a limpeza seja finalizada. Essa mesma medida deve ser aplicada em outros locais onde o óleo aparecer.

Manchas de óleo continuam a ser encontradas em praias do Nordeste. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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"Se esse material aparecer, temos uma equipe capacitada para atender à demanda no local. Faremos o isolamento, limpeza e depois liberamos a área. Temos 75 homens das forças armadas em São Mateus para atender a possível região afetada. O produto recolhido do mar será colocado em tambores e descartado em um aterro na cidade de Vitória”,  afirma Leal.

"Todo mundo está comentando na rua que pode acontecer um novo desastre", conta Sandra Nazer, gerente de restaurante tradicional no litoral norte capixaba há mais de 40 anos. "Nossa vila é pequena e sofremos demais quando a lama atingiu o balneário. A proprietária do restaurante compra peixe de fora. Não tem mais comércio de pescados por aqui direito. Estamos com medo de mais um caos. Mais prejuízos do que já tivemos", disse.

Equipe doEstadoacompanhou o trabalho de limpeza da Praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, uma das regiões do Nordeste atingidas pelas manchas de petróleo Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outras praias na região também podem ser atingidas, como Urussuquara, Barra Seca, Pontal do Ipiranga, Degredo, Povoação e Regência, área que já sofreu com a lama de rejeitos de minério do rompimento da barragem de Mariana, em 2015. Todas essas áreas estão sendo monitoradas por um comitê local. Na região norte, a Marinha deslocou cerca de 30 militares, que ficarão em bases nas cidades da Conceição da Barra e São Mateus.

Dona de uma pousada na Vila, Dulce Mendonça disse que todos estão em alerta. O maior receio é com a desova das tartarugas, que acontece nesse período. “As tartarugas fêmeas estão todas desovando nesse período agora. Até dezembro acontece a desova", afirmou. "Claro que, como proprietária de pousada, estou preocupada com a baixa procura, mas precisamos pensar no meio ambiente também”, disse Dulce.

Na manhã desta quarta-feira, 6, foi divulgado que o óleo já estaria na cidade baiana de Mucuri, mas a informação foi desmentida pela Defesa Civil. A prefeitura de Mucuri informa, por nota, que “está preparado para agir caso apareçam vestígios de óleo em nossas praias, realizando a possível limpeza e repassando aos voluntários as orientações de como efetuar as ações”. 

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