Especialistas em estatística descartam 'esfriamento global'

Mesmo com anos recentes frios, década ainda é a mais quente em mais de um século; ano mais quente foi 2005

PUBLICIDADE

Por Associated Press
Atualização:

Uma análise das temperaturas globais realizada por estatísticos independentes mostra que a Terra ainda está se aquecendo e não, esfriando, como alegam alguns contestadores do aquecimento global.

 

Obama vê mais consenso sobre lei climática

Japão acena com recuo em meta de corte de emissões de CO2

China e Índia firmam posição comum para cúpula climática

 

PUBLICIDADE

 A análise foi realizada  apedido da agência de notícias Associated Press. Menções de uma tendência recente de resfriamento vêm se espalhando pela internet, alimentadas por alguns despachos noticiosos, novos livros e temperaturas que se mostram menores em anos recentes.

 

Os estatísticos, valendo-se de dois conjuntos de dados de temperatura, não encontraram uma tendência de queda das temperaturas ao longo do tempo.

 

Dados do governo dos Estados Unidos mostram que a década que terminará em dezembro deste ano será a mais quente dos últimos 130 anos e 2005, o ano mais quente já registrado.

Publicidade

 

A ideia de que a Terra pode estar esfriando vem, em parte, do clima recente. O ano passado foi mais frio que os anteriores. E já se passou algum tempo desde os anos Amis quentes de todos os tempo,s 1998 e 2005, sem que novos recordistas surgissem.

 

Em um teste cego, a AP deu dados sobre temperatura global a quatro estatísticos independentes e pediu que buscassem tendências nas séries numéricas, sem dizer aos especialistas a que os números se referiam. Eles não encontraram sinais de declínio na sequência.

 

"Se você olha para os dados e escolhe a dedo uma microtendência dentro de uma tendência maior, essa técnica é particularmente suspeita", disse John Grego, professor de estatística da Universidade de Carolina do Sul.

 

A despeito disso, a ideia de que há um resfriamento tem sido repetida em artigos de imprensa, em uma reportagem da BBC e em um novo livro dos autores do best-seller Freakonomics

 

Na semana passada, uma pesquisa do Pew Research Center determinou que apenas 57% dos americanos acreditam que há forte evidência científica de aquecimento global, abaixo dos 77% de 2006.

 

Os céticos do aquecimento baseiam suas alegações em um ano de calor incomum, 1998. Desde então, dizem, as temperaturas têm caindo - uma tendência de resfriamento. Mas as coisas não são tão simples.

 

Desde 1998, as temperaturas caíram, aumentaram, caíram de novo e agora voltaram a subir. Registros mantidos pelo escritório  meteorológico britânico e dados de satélite, usados pelos céticos, ainda mostram 1998 como o ano mais quente já registrado. Mas números da Administração Nacional de Atmosfera e Oceano (NOAA) do governo dos EUA põem 2005 acima de 1998.

Publicidade

 

Os boatos recentes sobre resfriamento levaram a NOAA a reexaminar seus dados de temperatura. Nenhuma tendência de resfriamento foi encontrada.

 

A AP enviou a especialistas em estatística os dados anuais de mudança de temperatura dos últimos 130 anos e os 30 anos de dados de satélite que os céticos preferem.

 

Os estatísticos que analisaram os dados encontraram uma tendência clara de alta, década a década, nos números, mas não foram capazes de descobrir uma queda significativa nos últimos dez anos. As variações ano a ano da última década repetem a variação aleatória dos dados que se vê desde 1880.

 

Dizer que há uma tendência de queda a partir de 1998 não é uma afirmação científica legítima, disse David Peterson, professor aposentado da Universidade Duke e um dos analistas contatados pela AP.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.