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Esboço de acordo prevê corte de emissões de até 95% até 2050

Até 2020, corte entre países ricos deve ser de até 40%; europeus darão US$ 3,6 bi por ano aos países pobres

Por Agência Estado e Associated Press
Atualização:

As emissões de gases causadores do efeito estufa devem ser cortadas em até 95% até 2050, tendo como base 1990, segundo um rascunho do acordo da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorre em Copenhague. A meta mínima para esse corte é de 50%, e outra meta possível é um corte de 85%, segundo o texto em discussão.

 

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Os países ricos, segundo o rascunho, terão que cortar as emissões entre 25% e 40% até 2020, também usando 1990 como base. Mas os países ainda não fecharam um acordo. O vice-ministro do Interior da China, por exemplo, usou um tom bastante duro nesta sexta-feira quando disse que o principal negociador dos EUA, "não tinha senso comum" ou era "extremamente irresponsável" por ter dito que nenhum recurso financeiro dos americanos deveria ir para a China. Os dois maiores emissores de dióxido de carbono (CO2) e outros gases poluentes, EUA e China, trocaram farpas nesta semana sobre o quanto são sinceras suas propostas para reduzir as emissões.

 

O rascunho afirma que a temperatura da Terra não deve aumentar mais que 1,5º ou 2º Celsius, comparando-se com o período anterior à Era Industrial. Os países ricos devem se comprometer com metas com força de lei para cortar suas emissões de gases causadores do efeito estufa. Já as nações em desenvolvimento devem tomar ações para limitar o aumento de suas emissões, sustenta o rascunho.

 

A meta internacional de reduzir as emissões de CO2 para conter a mudança climática "deve estar baseada no melhor conhecimento científico disponível e apoiada em metas de médio prazo para redução de emissões, levando em conta responsabilidades históricas", afirma o texto. O rascunho é a primeira tentativa oficial de se trabalhar por um acordo final para o combate ao aquecimento global no encontro, na primeira das duas semanas de duração da conferência.

 

Os países desenvolvidos devem fornecer tecnologia e recursos para auxiliar os em desenvolvimento na luta contra a mudança climática, nota o texto. Além disso, as nações industrializadas devem cortar suas emissões em pelo menos 25% até 2020, comparando-se com os níveis de 1990, com a possibilidade de um corte "na ordem de 30%", ou mesmo maior.

 

Os países em desenvolvimento - uma definição que normalmente inclui importantes economias em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil - não terão metas específicas com força de lei, mas "devem tomar ações autônomas" para enfrentar o problema. Isso poderia implicar uma redução nas emissões nesses países da ordem de 15% a 30% até 2020, segundo essa versão.

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Oferta europeia

 

A decisão da União Europeia de oferecer até 30% do dinheiro necessário para ajudar os países em desenvolvimento a combater o aquecimento global nos próximos três anos é um "grande encorajamento" para as conversas sobre o clima em Copenhague. A opinião é do secretário-executivo da ONU para o clima, Yvo de Boer.

 

"É realmente muito encorajadora" a oferta de dinheiro da UE, afirmou De Boer nesta sexta-feira. "Uma das coisas que têm dificultado esse processo é a falta de clareza" sobre os compromissos financeiros, segundo ele.

 

Os países da União Europeia concordaram em fornecer 2,4 bilhões de euros (US$ 3,6 bilhões) por ano, ao longo dos próximos três anos, para ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas. A UE estima que um total de 7 bilhões de euros por ano seja necessário, entre 2010 e 2012, para esse fundo. Em Bruxelas, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que o compromisso europeu de oferecer US$ 3,6 bilhões por ano até 2012 "colocou a Europa num papel de liderança em Copenhague".

 

Protestos

 

Em meio às negociações, houve protestos em Copenhague nesta sexta-feira. A polícia da capital dinamarquesa informou que pelo menos 75 pessoas foram presas por causa de manifestações perto do local onde ocorre a conferência. Segundo o porta-voz policial Henrik Moeller, as prisões foram "preventivas" e não havia registros de violência.

 

Cerca de 200 manifestantes anticapitalismo protestaram no local, onde executivos-chefes de corporações discutiam o papel dos negócios em meio ao aquecimento global. Moeller disse que 20 dos detidos foram liberados logo em seguida e que outros seis deverão ser indicados por vandalismo e permanecem presos. Uma manifestação bem maior deverá acontecer no sábado.

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