PUBLICIDADE

'Hoje vejo que é melhor ajudar um negócio pequeno, revolucionário'

Diretor da Climate Ventures também defende soluções inovadoras que afetem 'ponto de acupuntura dos sistemas', desencadeando mudanças em toda a estrutura

Por Giovana Girardi
Atualização:

O administrador de empresas Ricardo Gravina, de 40 anos, tem um plano: mudar o sistema econômico. Cofundador do Instituto Climate Ventures, plataforma para acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil, Gravina defende que não será apenas com conferências do clima que a mudança climática será resolvida. Sua esperança, afirma, está em soluções inovadoras que afetem “pontos de acupuntura dos sistemas” e desencadeiem mudanças em toda a estrutura. Ele conversou com o Estado no começo do mês, em Madri, enquanto negociadores tentavam decidir o futuro do planeta.

Ricardo Lindenberg Gravinas do Climate Ventures durante a Conferência do Clima da ONU, em Madri Foto: GIOVANA GIRARDI

PUBLICIDADE

*O que é um bom negócio para o clima? Trabalhamos com negócios de seis temáticas: gestão de água e de resíduos, mobilidade, energia, uso do solo e florestas e agricultura. Mas, em linhas gerais, tem de mitigar emissões de gases de efeito estufa, contribuir com adaptações às mudanças climáticas, regenerar o planeta e os ecossistemas. São projetos como o Stattus4, de Sorocaba, que trabalha com inteligência artificial e internet das coisas para reduzir perda nos encanamentos de empresas de saneamento. Ou o Genecoin, que faz mapeamento genético de produtos da floresta; ou a Yvy, que produz materiais de limpeza com produtos naturais, superconcentrados, em cápsulas reutilizáveis e biodegradáveis. Tem muita coisa legal. Porque desse jeito aqui (em referência às conferências) não vai rolar. 

Qual é a mudança que precisa ocorrer? Trabalho com o conceito de mudança de sistema e por dez anos tentei mudar a forma como a gente faz as coisas. Mas não vai fazer isso pedindo para os caras que estão no quentinho, em suas poltronas de couro nas grandes empresas, mudarem. Hoje vejo que é melhor ajudar um negócio pequeno, revolucionário. A conversa com o empreendedor é outra. Estamos falando com um cara com vontade de fazer, que está com fome. O que fazemos é ajudar os pequenos a trazerem uma solução para a grande empresa ou mesmo a brigar com a grande empresa. Minha aposta é nesses caras, como parte do processo, para mudar o sistema.

Como escolher onde investir? Temos alguns critérios: qual é o nível de inovação do negócio, qual é o impacto real. O quanto esse projeto é um ponto de acupuntura do sistema.

O que é isso? Em todo sistema, existem alguns pontos que, se forem destravados, vários outros vão destravar também. Estamos fazendo um trabalho de logística e mobilidade na Amazônia. É um ponto de acupuntura para toda a bioeconomia da floresta. Se conseguirmos resolver um problema de logística e comercialização de produtos da sociobiodiversidade, isso pode ajudar a conter o desmate, tornar a floresta em pé mais competitiva. Mas também valorizamos soluções que, mesmo sem mudar o sistema, causam impacto positivo no negócio. Se elas reduzem emissões, já estão ajudando o planeta.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.