ENTREVISTA-Japão pode aceitar limites e comércio de carbono

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Por RISA MAEDA
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O setor industrial do Japão deve aceitar um esquema compulsório de redução das emissões de gases do efeito estufa após um sistema de comércio de cotas de carbono ser lançado no país, no final deste ano, afirmou o chefe do painel governamental sobre o comércio de cotas de carbono. O país asiático encorajou os diferentes setores da economia a realizarem comprometimentos voluntários sobre a redução das emissões, rejeitando impor um sistema como o da União Européia (UE), que prevê limites compulsórios e cria um mercado para as cotas de carbono. Setores bastante poluentes, como o do aço, afirmam que um esquema do tipo prejudicaria seu crescimento. O Japão, que não dispõe de muitos recursos naturais, é um dos países do mundo mais eficientes em termos de consumo de energia após ver seu setor manufatureiro investir pesado para poupar energia. No entanto, os esforços do setor de serviços e dos lares japoneses continuam atrás do setor manufatureiro nesse quesito. A iniciativa para o clima apresentada pelo primeiro-ministro Yasuo Fukuda, porém, acabará por levar o país a adotar um esquema daquele tipo, afirmou à Reuters, em uma entrevista, Tadashi Otsuka, presidente do painel governamental e professor de direito na Universidade Waseda. "Deveríamos adotar um esquema compulsório como o sistema de limites e comércio de cotas. E acho que acabaremos por fazer isso, ainda que lentamente", disse Otsuka na quarta-feira. Em um discurso proferido no dia 9 de junho, Fukuda defendeu a realização, no outono, de um teste com um sistema de comércio de cotas de gás carbônico (CO2), o principal dos gases do efeito estufa (apontados como os responsáveis pelo aquecimento global). Com isso, seria possível atribuir um preço ao CO2 e o Japão começaria a ser incentivado a transformar-se em uma sociedade com baixa emissão de carbono. Fukuda anunciou ainda uma meta de longo prazo para o país, o quinto maior poluente do mundo. Segundo essa meta, os japoneses, até 2050, diminuiriam entre 60 e 80 por cento o volume das emissões atuais. O Japão, que se vê pressionado a cumprir as obrigações de redução assumidas no Protocolo de Kyoto, receberá no próximo mês a cúpula do Grupo dos Oito (G8), e o aquecimento global deve ser um dos principais assuntos a serem discutidos nesse evento.

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