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Empresas revelam emissões de gases de efeito estufa

As 35 empresas que seguem o GHG Protocol emitiram em 2009 cerca de 89 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente

Por Karina Ninni
Atualização:

As emissõe diretas de gases de efeito estufa das 35 empresas brasileiras que revelaram seus inventários referentes a 2009 somam quase 89 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e, medida utilizada para comparar as emissões de vários Gases de Efeito Estufa com base no potencial de aquecimento global de cada um). O número foi divulgado ontem e a metodologia adotada para realizar os inventários é a do Programa Brasileiro GHG Protocol, coordenado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas – GVces. O volume emitido diretamente equivale ao estoque de carbono de aproximadamente 356 milhões de árvores da Amazônia ou 200 mil hectares da floresta, uma área equivalente ao município de Piracicaba, no interior paulista.

 

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"Essas informações devem ser vistas não com preconceito, mas, pelo contrário, como uma iniciativa de coragem dessas empresas. E também como uma prospecção de oportunidades. Inclusive da oportunidade de participação de mercados de Gases de Efeito Estufa", esclarece Roberto Strumpf, coordenador do programa brasileiro do GHG Protocol.

 

Entre as empresas que revelaram suas emissões estão a Souza Cruz, o Bradesco, a Cesp, a Natura e a Suzano.

 

"Fazemos o inventário de nossas emissões desde o ano 2000. A partir de 2006, passamos a inlcuir também a atividade de produção do fumo, que não entrava na conta. Nós compramos fumo de aproximadamente 40 mil produtores no Brasil", explica o Gerente de Meio Ambiente da Souza Cruz, Jorge Augusto Rodrigues.

 

Em 2009, a Souza Cruz emitiu diretamente 32.789,60 tCO2e. "No inventário que fizemos para o ano base de 2008, concluímos que 91% das nossas emissões são neutras, pois não utilizamos mais caldeiras elétricas, nem movidas a gás. Nós temos três áreas em que plantamos eucalipto para produzir lenha e queimar nas caldeiras. O carbono que é fixado enquanto as árvores crescem é queimado nas caldeiras depois", diz Augusto.

 

Para a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, a iniciativa é uma possibilidade de diálogo entre o setor público e o setor privado.

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"Aproximar a gestão ambiental privada da gestão pública é a maior contribuição desta iniciativa. Não se trata apenas do controle das emissões. É como se o setor privado desse ao governo um sinal de que é possível mudar", afrimou a ministra.

 

Marina Grossi, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CEBDS, diz que a inicativa é um grande passo e que a próxima meta deve ser conseguir escala, já que apenas 35 empresas aderiram à confecção e divulgação dos inventários.

 

"O próprio fato da metodologia estar disponível na web, de graça, já facilita a vida das pequenas e médias empresas, que geralmente não têm como investir em programas como este".

 

Para o diretor-presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Fernando Rei, a iniciativa pode gerar um efeito cascata.

 

"Quando as grandes empresas adotam um compromisso, geralmente levam suas parceiras junto. O inventário é uma ferramente fundamental para identificarmos o potencial de contribuição das empresas no tocante à redução das emissões", afirmou.

 

Entre as quatro empresas de energia que divulgaram seus inventários está a CESP (Companhia Energética de São Paulo). Ela foi a primeira do setor de energia elétrica a fazer relatório completo de emissão com base no Programa GHG Protocol.

 

 

"Acreditamos que o fato de divulgarmos o inventário poderá fazer a diferença num futuro norteado pela economia do baixo carbono. Geramos energia limpa e emitimos pouco", diz Milton Estrela, gerente do Departamento de Meio Ambiente da Cesp, explicando que para os 3 mil megawatts/hora gerados pela empresa, a emissão anual em 2009 foi de 8 mil tCO2e.

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As empresas do setor de transformação respondem pela maior parte das emissões das companhias inventariadas (89%), seguidas pelo setor de mineração (10%). Saneamento, energia, agrícola, serviços financeiros e serviços públicos somam o 1% restante. No setor de transformação, petroquímica e combustíveis sãos as indústrias que mais emitiram. A mineração de não metálicos ficou em segundo lugar e metalurgia em terceiro.

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