Empresário milionário ligado a garimpo ilegal ordenou queima de helicópteros do Ibama, diz PF

Operação prendeu apontado como mandante em Goiânia nesta quarta-feira, 2; destruição de aeronaves aconteceu no dia 24 de janeiro

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Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – A ordem para queimar dois helicópteros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Manaus partiu de um empresário milionário de Goiânia, ligado à exploração ilegal de ouro em garimpos na terra indígena Yanomami, em Roraima, segundo investigação da Polícia Federal. O Estadão obteve a identidade de cada um dos participantes do ato criminoso ocorrido em janeiro e que foram presos em ações da PF que estão em andamento desde a semana passada.

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O apontado pelos investigadores como mandante do crime é o empresário milionário Aparecido Naves Junior. Com 35 anos, Naves Júnior tem uma mansão em Goiânia avaliada em R$ 2,1 milhões, além de duas empresas. Ele também era dono de aeronaves que eram utilizadas pelo garimpo ilegal em Roraima e que foram destruídas recentemente por agentes do Ibama, conforme a investigação. 

Conforme apurou o Estadão, Naves Júnior esteve em Manaus dias antes do ato criminoso. Na data do ocorrido, já estava em Roraima. No acordo firmado com os outros cinco homens que participaram do episódio, o empresário garimpeiro havia acertado de fazer o pagamento de R$ 5 mil para cada um dos que colocaram fogo nos helicópteros. Durante o ato, apenas um foi incendiado e outro sofreu avarias.

Imagem mostra carros e fachada da casa onde foi preso Aparecido Naves Junior; empresário ordenou queima de helicópteros do Ibama, afirma relatório da PF Foto: Relatório PF

A localização do grupo foi feita por meio da identificação do carro usado no ato. Thiago Souza da Silva, conhecido “TH”, e Wisney Delmiro, vulgo “Poderoso”, atuaram no crime como intermediários, negociando com os incendiadores e o motorista que os levou até o aeródromo de Manaus. 

O crime, conforme a investigação da PF, contou com a participação do motorista Edney Fernandes de Souza. Os invasores do aeródromo e autores do incêndio são Fernando Warlison Pereira, vulgo “Seco”, e Arlen da Silva, conhecido como “Mudinho”.

Todos tiveram a prisão temporária decretada, em ações realizada entre os dias 26 de janeiro e esta quarta-feira, 2. Já o motorista teve a prisão em flagrante no dia 25 de janeiro, um dia após o crime. A reportagem tentou contato com representantes dos citados, mas não conseguiu retorno. A prisão do apontado como mandante, Aparecido Naves Junior, ocorreu na mansão do empresário. Na operação, a polícia se deparou com diversos carros de luxo, com modelos avaliados em mais de R$ 400 mil. 

Prejuízo com equipamentos chega a R$ 10 milhões

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A base aérea fica dentro do aeroclube e é vinculada à Secretaria de Segurança Pública. As aeronaves estavam dentro do hangar até 20 de janeiro e foram retiradas do espaço para inspeção, para que fossem utilizadas nas próximas fiscalizações. As duas aeronaves, que são alugadas pelo Ibama, são de propriedade da empresa Helisul. Considerando a extensão dos danos, o modelo e ano de fabricação das aeronaves, e a cotação do dólar, estima-se o valor dos danos em aproximadamente R$ 10 milhões.

Helicóptero do Ibama carbonizado após ação de criminosos no dia 24 de janeiro deste ano, em Manaus; Polícia Federal realizou mandados de busca e apreensão para apurar caso Foto: Polícia Federal

A identificação do grupo investigado pela PF foi feita a partir da perícia de 681 arquivos de vídeo colhidas de quatro câmeras de segurança. As imagens permitiram confirmar o veículo utilizado na ação, um modelo Kwid, de cor branca.

No local do crime, os policiais encontraram vestígios, como uma tampa plástica de recipiente, um isqueiro metálico e um galão usado para transporte de combustíveis e solventes. Havia uma pequena quantidade de líquido com cheiro de gasolina.

Apesar de o muro do aeroclube possuir arame farpado, uma pequena parte da estrutura estava desprotegida. A perícia da PF encontrou marcas recentes de sujeira no muro, o que sugere que os criminosos escalaram a estrutura para ter acesso ao local onde estavam as aeronaves.

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