Emergentes dão apoio ambíguo ao 'Acordo de Copenhague'

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Por ALISTER DOYLE E KRITTIVAS MUKHERJEE
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O chamado "Acordo de Copenhague" para o combate à mudança climática tem recebido apoio ambíguo de grandes países emergentes, como China e Índia, deixando dúvidas sobre um pacto que eles próprios definiram com os EUA. Autoridades indianas disseram que o grupo conhecido pela sigla Basic - Brasil, África do Sul, Índia e China - teme que um aval muito explícito ao novo acordo possa desgastar a Convenção Climática da ONU de 1992, segundo a qual cabe aos países ricos comandarem as ações contra o aquecimento global. "Parece haver uma ambiguidade deliberada", disse uma fonte oficial dinamarquesa depois de China, Índia e alguns outros emergentes cumprirem o prazo de 31 de janeiro para anunciarem seus planos climáticos, sem no entanto se comprometerem formalmente com o novo tratado. A ONU diz que 55 países, inclusive todos os principais emissores de gases do efeito estufa, responsáveis por 80 por cento das emissões mundiais, apresentaram dentro do prazo as suas metas para a redução de poluentes até 2020. Mas a entidade ainda não divulgou quais países querem ser "associados" ao acordo, apesar do pedido nesse sentido feito numa carta de 18 de janeiro do Secretariado da Mudança Climática da ONU, que também estabeleceu o domingo passado como prazo para o recebimento das propostas. O prazo é flexível, e outros países ainda podem informar suas metas. Muitos países em desenvolvimento apresentaram suas metas de emissões para 2020, mas evitaram responder sobre a "associação". Os que aceitarem acabarão mais envolvidos no processo, já que seus nomes serão formalmente listados no alto do sucinto documento de três páginas. Uma autoridade indiana disse que China e Brasil sugeriram manter um ponto de interrogação sobre o seu apoio, e portanto sobre a legitimidade do acordo, por temerem que alguns países desenvolvidos tentem transformar o documento em um tratado com valor jurídico. O Acordo de Copenhague foi definido pelos EUA e pelos "Basics", mas não foi adotado pelo plenário daquela conferência da ONU. O texto estabelece a meta de limitar o aquecimento global médio a 2C acima dos níveis pré-industriais, e de criar um fundo de 100 bilhões de dólares para a ajuda climática aos países em desenvolvimento a partir de 2020. Índia e China manifestaram publicamente seu "apoio" ao acordo, mas autoridades indianas dizem que há uma diferença entre esse apoio e uma associação formal ao tratado. Já a África do Sul diz que se associou para estimular o debate da ONU. Em carta, os EUA disseram à ONU sobre "seu desejo de ser associado ao Acordo de Copenhague". Japão, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e União Europeia, que reúne 27 governos, também disseram explicitamente que desejam se associar ao tratado.

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