Em 4 dias, incêndios devastam 50 mil hectares do Pantanal em MS

Linha de fogo em rodovia chegou a 50 quilômetros de extensão; força-tarefa tenta evitar que o fogo atinja pousadas e hotéis

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Incêndios florestais incontroláveis já devastaram ao menos 50 mil hectares de vegetação nativa, desde domingo, 27, no Pantanal de Mato Grosso do Sul - o equivalente a 50 mil campos de futebol.

A Polícia Rodoviária Federal expediu alerta aos motoristas para não trafegarem à noite pelas rodovias do Pantanal, devido ao risco da fumaça e de acidentes com animais em fuga Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul

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Conforme o Corpo de Bombeiros do Estado, as chamas avançam em várias direções e em proporções que nunca foram registradas nesse ecossistema, um dos mais significativos do País. Somente entre segunda-feira, 28, e terça-feira, 29, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram 799 focos de incêndio na região.

O Pantanal Sul já sofreu queimadas intensas em setembro deste ano, por causa da estiagem. Uma força-tarefa coordenada pela Defesa Civil estadual conseguiu controlar os focos, mas eles reapareceram no último domingo. Conforme o governo do Estado, as chamas se expandem com incrível rapidez, produzindo um cenário de devastação, com árvores calcinadas, animais mortos ou fugindo das labaredas. A fumaça prejudica o tráfego em rodovias e interfere na visibilidade das aeronaves que combatem o fogo.

Os incêndios atingem principalmente os municípios de Corumbá, Miranda e Aquidauana.

Nesta quarta-feira, 30, novos focos eclodiram ao longo da BR-262, principal rodovia da região, formando uma linha de fogo que chegava a 50 quilômetros de extensão. Pantaneiros foram obrigados a transferir o gado para áreas alagadas. Algumas pousadas ao longo da Estrada-Parque (MS-184), região de atrativos turísticos, conhecida como Passo da Lontra, chegaram a ficar isoladas pelos incêndios.

A força-tarefa, com 26 homens, entre brigadistas, bombeiros e operadores de aeronaves, tenta evitar que o fogo atinja as pousadas e hotéis, que estão lotados de turistas em razão do final da temporada de pesca nos rios do Pantanal.

"As dificuldades são extremas pelas condições climáticas, com altas temperaturas, baixa umidade e ventos acima de 30 km por hora", disse o capitão Vinicius Barbosa Gonçalves, que coordena a equipe.

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Na terça, a temperatura chegou a 40ºC na região.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) expediu alerta aos motoristas para não trafegarem à noite pelas rodovias do Pantanal, devido ao risco da fumaça e de acidentes com animais em fuga. 

Durante o dia, o tráfego é interrompido quando a fumaça invade as estradas ou por causa da altura das labaredas, que chegam a atingir 10 metros. O avanço das chamas ameaça linhas de transmissão e coloca em risco o fornecimento de energia elétrica e abastecimento de água em Corumbá e Ladário.

Novos focos de incêndio eclodiram ao longo da BR-262, principal rodovia da região Foto: Chico Ribeiro/Governo de Mato Grosso do Sul

Ajuda

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Nesta quinta-feira, 31, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) vai pedir apoio ao governo do Distrito Federal, que, em setembro, cedeu aeronaves para o combate de incêndios florestais em Miranda, no Pantanal.

O combate terrestre será reforçado com o envio de homens e aviões para as regiões mais críticas. Uma resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Estado e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) será publicada no Diário Oficial para prorrogar por mais 30 dias a proibição do uso do fogo para limpar pastos e atividades agrícolas em todo o bioma Pantanal.

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