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Eficiência energética é condição para tornar cidades inteligentes

Soluções passam por digitalização, automação e eletrificação de parte da frota

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Por Redação
Atualização:
Getty Images 

De acordo com o Banco Mundial, cidades inteligentes são aquelas que praticam políticas baseadas em intensidade tecnológica e em inovações direcionadas à melhor eficiência dos serviços e do aproveitamento mais sustentável de seus recursos. Na área energética, soluções que visam a utilização mais racional da eletricidade, digitalização e substituição de combustíveis menos poluentes são partes cada vez mais importantes nessa transformação. O webinário Caminhos da Energia, realizado pelo Estadão Blue Studio no fim de maio, discutiu as tendências, os desafios e as oportunidades do setor.

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A CEO e fundadora da plataforma digital Bright Cities, Raquel Cardamone, aponta que existem vários indicadores que permitem observar se as cidades estão trabalhando na direção de se tornarem mais inteligentes e sustentáveis. Especificamente na área de energia, existem indicadores para medir e comparar, por exemplo, a duração média de interrupções no fornecimento de eletricidade, a contabilização da frota de carros elétricos para avaliar a redução de emissões, e até mesmo a porcentagem da população atendida pelo serviço elétrico. “A gente consegue melhorar o que a gente consegue medir”, defende Raquel, que também coloca o papel dos consumidores como sendo central para a melhoria das cidades.

O conceito de cidade inteligente no Brasil, segundo Raquel, teve como porta de entrada justamente os serviços de energia, com os projetos mais modernos de iluminação pública. “Passamos a ter uma oportunidade de aplicar essas tecnologias, não só para entregar uma iluminação pública mais eficiente, usando lâmpadas mais eficientes, mas também para usar o poste não só para a iluminação, mas também em outros serviços acoplados, como câmeras de segurança, mobilidade, e uma infinidade de oportunidades”, destacou.

Para o professor Nelson Kagan, da Escola Politécnica da USP, a adoção das chamadas redes inteligentes de energia (smart grids) é fruto de uma visão baseada na da convergência tecnológica. “Vai desde a mobilidade, dos veículos híbridos e elétricos, até a automação da rede”, lista o professor, que também coordena o laboratório Naprei, de pesquisa de redes elétricas inteligentes. Sobre a medição inteligente do consumo por meio de aparelhos totalmente digitais, Kagan esclarece que os aparelhos não são apenas uma maneira mais eficiente de medir o consumo. Segundo ele, a medição inteligente proporciona maior participação do consumidor, que deixa de ter um papel passivo.

O laboratório da USP, coordenado por Kagan, surgiu na década passada a partir de um trabalho realizado com 43 concessionárias de energia para avaliar como se daria a implementação de redes inteligentes no Brasil. Mesmo assumindo que soluções adotadas no exterior seriam facilmente “customizadas” no País, o diagnóstico inicial também previa que haveria desafios próprios a serem seguidos. “Toda ideia do nosso laboratório é emular a rede elétrica inteligente e trazer sistemas reais para serem integrados a uma representação digital da rede. E aí pode trazer os sistemas de TI da empresa e testar de forma sistêmica. E isso a gente tem feito com algumas empresas com bastante sucesso”, conta Kagan.

Uma das inovações em estudo é a geração distribuída em nível residencial por meio de painéis solares. “Temos um potencial enorme e visto um aumento exponencial da utilização dos painéis em residências e comércios, pela diminuição do custo”, destacou. As questões a serem resolvidas nessa área são mais técnicas hoje do que de regulação, uma vez que o consumidor passa a trabalhar com outro fluxo, pois se torna fornecedor do sistema e precisa de outro tipo de medição.

Mil ônibus elétricos já operam nas cidades de Santiago e Bogotá

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Mobilidade elétrica

No transporte, a grande contribuição que as novas tecnologias estão trazendo para a transformação das cidades em ambientes mais inteligentes e sustentáveis é na eletrificação de parte da frota, afirma Cristina Albuquerque, gerente de Mobilidade do World Resources Institute (WRI) no Brasil. “A mobilidade elétrica se insere nesse contexto, essa migração é uma parte fundamental para ter menos emissões no setor”, afirmou a representante da ONG ambiental, que criticou o histórico de investimentos focados na priorização do transporte individual.

Mesmo destacando o esforço que o Brasil vem fazendo desde 2012, quando foi estabelecida uma nova política nacional mais sustentável na mobilidade, Cristina afirma que o Brasil está atrasado mesmo em relação aos seus pares no continente. “Hoje, Colômbia e Chile estão avançando fortemente na eletrificação das frotas de ônibus. Já são as duas maiores frotas fora da China, o país que mais tem puxado isso”, comparou. A gerente do WRI no Brasil lembrou que Santiago e Bogotá iniciaram seus planos há cerca de dois anos e cada cidade já opera com mais de mil ônibus elétricos. São Paulo, por exemplo, que está iniciando sua política ambiental para a redução de emissões, está testando 18 ônibus numa frota de 14 mil veículos.

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