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Discussão sobre economia circular fica entre apreensão e otimismo

Em meio a projeções desanimadoras sobre produção de lixo e impacto no meio ambiente, especialistas na Virada Sustentável apostam no crescimento de iniciativas pontuais

Por Túlio Kruse
Atualização:

Engenheiros, designers, empreendedores, representantes de ONGs e curiosos se reuniram sob clima de misturava apreensão e otimismo na manhã desta desta sexta-feira, no segundo dia de atividades da 7ª Virada Sustentável. Atraídos pela discussão sobre a economia circular, um conceito que pretende levar o design de produtos e o consumo para um caminho sustentável, eles ouviram projeções desanimadoras sobre a produção de lixo e seu impacto no meio ambiente. Os entusiastas desse novo modelo, no entanto, apostam em iniciativas pontuais no Brasil e no mundo que já fabricam produtos que duram mais tempo, feitos a partir da reciclagem e materiais do reúso, e projetados para coibir o descarte.

Entre 2013 e 2014, a quantidade de resíduos produzidos no País cresceu 2,9% enquanto a população aumentou apenas 0,9%, segundo os dados mais recentes da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Até 2050, a quantidade de plástico no mar pode superar a quantidade de peixes nos oceanos, caso a produção de embalagens continue no ritmo atual, de acordo com um estudo da fundação Ellen MacArthur. Para os defensores da economia circular, o desafio reverter essa tendência de aumento da poluição deve ir além das iniciativas de reciclagem e reúso, e passar à produção de produtos com vida útil mais longa.

No auditório da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, painel tratou deprodutos que duram mais tempo, feitos a partir da reciclagem e materiais do reúso,projetados para coibir o descarte Foto: Tulio Kruse

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No palco do auditório, a engenheira química Beatriz Luz usava um vistoso colar feito com cabos de telefone e resíduos eletrônicos reciclados. Bijuterias feitas a partir de material descartado e bolsas fabricadas a partir de câmaras de pneu foram alguns dos exemplos de iniciativas que já colocam produtos baratos e sustentáveis no mercado. Fundadora da consultoria Exchange 4 Change Brasil, ela têm trabalhado para formar parcerias com empresas e ONGs no Brasil interessadas no assunto, e adaptar o conceito à realidade nacional. Até hoje, não há estimativas sobre o volume de dinheiro produtos a economia circular movimento no Brasil.

“Economia circular não é apenas reúso e reciclagem, mas sim uma nova economia em torno de uma nova forma de desenhar os produtos, na remanufatura e no concerto”, diz Beatriz. “Em primeiro lugar, precisamos focar no aproveitamento ao máximo da vida útil dos produtos.”

Para o designer mexicano Rodrigo Bautista, representante da ONG internacional Forum for the Future, o custo de iniciativas sustentáveis tem ficado cada vez mais barato para empresas. “Tecnologia não é o problema”, ele diz.

Painel de discussõesda 7ª edição da Virada Sustentável contou com representantes de empresas, órgãos públicos e terceiro setor Foto: Tulio Kruse / Estadão

Como exemplo, ele cita uma máquina de impressão 3D que utiliza plástico reciclado como matéria-prima para fabricar novos produtos. “Quando eu era estudante de Design, essa máquina custaria cerca de US$ 20 mil, e hoje você compra sua própria impressora por R$ 3 mil, e isso muda muito rápido.”

Virada. Até o próximo domingo, dia 27, a 7ª edição da Virada Sustentável trará cerca de 600 atrações em diversos pontos da cidade, com eventos concentrados no Parque do Ibirapuera. Para participar da cobertura colaborativa do festival, o leitor deve usar a hashtag #eufaçoavirada em seus posts e fotos nas redes sociais. 

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